São Paulo, segunda-feira, 24 de novembro de 1997
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Teoria propõe educação regular a aluno deficiente

MARTA AVANCINI
DA REPORTAGEM LOCAL

Incorporar o aluno portador de deficiência física ou mental à dinâmica pedagógica do ensino regular é uma das propostas que faz parte da chamada teoria da inclusão, que começa a ganhar terreno no Brasil.
Diferentemente da integração, paradigma predominante no país, a inclusão não prevê a existência de salas e esquemas de atendimento especiais para os deficientes.
Estes passam a frequentar as salas de aulas regulares e participam, de acordo com suas capacidades e habilidades, das atividades propostas pelos professores.
Na integração, a formação do aluno deficiente se dá por meio da criação de uma estrutura adaptada às necessidades do deficiente -por exemplo, as salas especiais, com equipamentos e materiais pedagógicos próprios.
"A inclusão prevê uma reforma educacional geral. O aluno entra no ensino regular, e este tem de procurar fazer com que a criança aproveite o percurso", diz Maria Teresa Eglér Mantoan, coordenadora do Leped (Laboratório de Estudos e Pesquisas em Ensino de Deficientes) da Unicamp.
Isso implica, diz ela, em manter os deficientes com crianças da mesma faixa etária, criar propostas curriculares "acolhedoras" e acatar as respostas diferenciadas conforme a condição do aluno.
Embora recente e controversa, essa maneira de tratar os deficientes já resultou em experiências positivas em pelo menos duas cidades, Santo André (Grande São Paulo) e Belo Horizonte (MG).
Em Santo André, as salas especiais para alunos deficientes foram abolidas este ano. Assim, os 78 estudantes com diferentes tipos e graus de deficiência estão frequentando as salas regulares.
"Estamos fazendo uma formação continuada dos professores para eles trabalharem de maneira diferente. É só assim que a inclusão dará certo", diz Maria Shirley dos Santos, diretora de Educação Infantil e Ensino Fundamental da Prefeitura de Santo André.
A inclusão é uma realidade na rede municipal de ensino de Belo Horizonte há quatro anos.
Para Elisabet Dias de Sá, coordenadora de Políticas Pedagógicas da Secretaria Municipal da Educação, a iniciativa deu certo porque está articulada com mecanismos públicos. Ela se refere, por exemplo, ao conselho municipal e uma legislação com aspectos voltados para necessidades dos deficientes.
"É uma sintonia entre uma proposta de democratização das relações e um modelo educativo", diz.

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