São Paulo, segunda-feira, 24 de novembro de 1997
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Telecomunicação vira pólo de emprego

ELVIRA LOBATO
DA SUCURSAL DO RIO

Uma boa notícia para compensar o baixo astral da queda nas Bolsas, do desemprego e do aumento dos juros: um novo pólo de absorção de mão-de-obra está surgindo no país, com a abertura das telecomunicações.
O mercado de TV paga deve gerar 40 mil empregos diretos e 120 mil empregos indiretos nos próximos cinco anos. A previsão é do presidente da ABTA (Associação Brasileira de Televisão por Assinatura), Raul Rosenthal.
Segundo Rosenthal, que é também presidente da TVA (grupo Abril), as 103 operadoras de TV paga que surgiram no país nos últimos quatro anos já criaram 15 mil empregos diretos e 55 mil indiretos."As pessoas ainda não se deram conta do mercado que está se abrindo", diz ele.
Depois de dois anos de espera, o governo lançou, no mês passado, editais para a venda de concessões de TV paga em todo o país. O presidente da ABTA calcula que até o ano 2001 serão investidos de R$ 4 bilhões a R$ 5 bilhões nesse setor.
Mercado de "pager"
Fenômeno semelhante acontece com as operadoras de "pager" (serviço de transmissão de mensagens que substituiu os antigos bips) que começaram a se instalar no país a partir de 92.
O mercado vem crescendo em ritmo frenético. No final de 95, havia 400 mil assinantes desse serviço no país. No final do ano passado, o número já estava em 800 mil e hoje alcança 1,1 milhão.
A cada 250 novos assinantes, abre-se uma vaga de emprego para operador, ou seja, para o funcionário que fica ao telefone digitando e enviando as mensagens.
O setor já emprega cerca de 9.000 pessoas e as previsões para os próximos anos são surpreendentes. Jorge Brandão, diretor-geral da operadora Acess, de São Paulo, diz que as estimativas são de 10 milhões de usuários do serviço no ano 2003, o que significa a criação de 36 mil vagas para atendentes.
Se forem confirmadas as projeções das operadoras de TV paga e do serviço de "pager", esses dois segmentos irão criar, em seis anos, quase 80 mil empregos diretos.
Para se ter uma idéia, as 400 indústrias instaladas na Zona Franca de Manaus empregam um total de 50 mil pessoas. A indústria automobilística (montadoras) emprega 118,1 mil.
Banda B A chegada do serviço celular privado (banda B) deve abrir pelo menos 5.000 novos postos de trabalho em três anos.
Os consórcios BCP e BSE -o primeiro venceu a concorrência para explorar o serviço na Grande São Paulo e o segundo para parte do Nordeste- vão empregar 2.000 funcionários.
A consórcio Americel, vencedor da concorrência para o celular privado na região Centro-Oeste já contratou 259 empregados em Brasília e Goiânia. A maior parte para as áreas marketing, vendas e atendimento ao público.
"Ao final de três anos, deveremos estar com 800 funcionários", informa o diretor de planejamento da Americel, Antônio dos Santos.
Ainda não é possível quantificar o total de postos de trabalho que serão criados com o fim do monopólio estatal das telecomunicações, pois várias frentes estão sendo abertas simultaneamente.
Há licitações em curso para venda de novas concessões de rádio, televisão convencional, TV paga por cabo, microondas e satélite. Novas empresas estão surgindo no segmento de transmissão de dados e, em breve, haverá licitação para o lançamento de satélites privados.

LEIA MAIS sobre telecomunicações na pág. 2-4

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