São Paulo, segunda-feira, 24 de novembro de 1997
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Envelope, selo e criatividade dão o maior ibope

LEANDRO FORTINO
FREE-LANCE PARA A FOLHA

Todos os dias dezenas de cartas invadem as salas de produção de estações de TV e rádio. Apesar de a maioria trazer pedidos simples, como adesivos e camisetas, muitas não querem absolutamente nada material. Tudo isso para trocar uma idéia, pedir conselhos ou apenas prestar homenagens.
"Nunca imaginei ter tantas fãs apaixonadas por mim", diz Luciano Huck, que comanda o programa "H" (Bandeirantes) e recebe cerca de 100 cartas por semana.
Entre as mais exageradas está certamente a da mineira Renata Cristina Krempser Gandra, 17, que durante dois meses se dedicou a completar 100 páginas de um caderno universitário confessando sua adoração pelo apresentador.
"Resolvi fazer o caderno porque achei uma idéia original. Cartas em forma de longos rolos de papel chamam a atenção, mas já são muito batidas", afirma. "Nunca fui respondida, mas entendo que o Luciano é muito ocupado."
Pode ser muito mais prático e fácil enviar um fax ou e-mail. "Enquanto recebo em torno de 30 e-mail e 30 fax por dia, a média de cartas é de uma", declara Zé Luiz, 35, locutor da rádio 89 FM.
Giuliana Trazzi, 17, há quatro anos troca cartas com Zé Luiz. Além de vários e-mail e fax, ela escreve pelo menos duas cartas por mês ao amigo. "No papel posso colar adesivos, erro e conserto... é a minha personalidade. Não tem a frieza do computador", diz.
Zé Luiz chegou a apoiar a fã num momento difícil de sua vida. "Quando tive de ser hospitalizada por causa de uma alergia a um antibiótico, ele me telefonou para saber se eu estava bem", afirma Giuliana. "Fiquei muito contente."
A oportunidade de homenagear o programa predileto e ao mesmo tempo divulgar o trabalho como desenhista motivou o paranaense Elton Brunetti, 18, a criar uma história em quadrinhos dos personagens do game interativo "Garganta e Torcicolo no Paraíso das Ovelhinhas", da MTV Brasil.
"Assisto todos os dias ao programa. Por estar desempregado, resolvi arriscar a chance de divulgação que poderia ter caso minha carta fosse lida", conta Elton.
"Têm uns moleques que são artistas e fazem de tudo para ter o desenho mostrado no programa", afirma o apresentador João Gordo, 33, que acha que quanto mais criativa for a carta melhor.
"Meto a boca nas ruins! Digo no ar: 'Moleques, vocês não têm vergonha de mandar esses desenhos vagabundos?'", diz João.

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