São Paulo, quarta-feira, 26 de novembro de 1997 |
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Empréstimo do BNDES a SP é questionado
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA; DA REPORTAGEM LOCAL; DO ENVIADO ESPECIAL A MACAPÁ A área econômica do governo federal tem dúvidas quanto à capacidade da Prefeitura de São Paulo de tomar um empréstimo de R$ 300 milhões solicitado ao BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) para obras de transporte.A Folha apurou que o principal problema é o fato de o município já ter um nível elevado de endividamento. O pedido de recursos vem sendo discutido com técnicos do BNDES há algumas semanas. Hoje deve ser realizada uma reunião no Rio entre técnicos da prefeitura e do banco para tratar da viabilidade do projeto. Segundo dados do Banco Central, a dívida em títulos do município chegou a R$ 5,8 bilhões. No início do Plano Real, em julho de 94, os papéis emitidos pela prefeitura somavam R$ 1,5 bilhão. Nos últimos meses, a prefeitura também tomou empréstimos por meio de operações de ARO (Antecipação de Receita Orçamentária), nas quais se recebe dinheiro de bancos, a juros altos, dando em garantia a arrecadação futura. Nos meses de janeiro e fevereiro, o município terá de pagar a bancos R$ 106,5 milhões, acrescidos de juros de 0,9% a 1,25% ao mês e TBF (Taxa Básica de Financiamento). Os empréstimos foram tomados em julho, agosto e setembro. Palavra Em São Paulo, o prefeito Celso Pitta (PPB) disse que a palavra do presidente Fernando Henrique Cardoso não pode ser desconsiderada. Segundo ele, prevalecerá o bom senso, e os interesses da cidade não serão deixados de lado. Pitta afirma que esteve há cerca de 15 dias no Palácio da Alvorada, acompanhado do ex-prefeito Paulo Maluf (PPB). "O presidente ficou sensibilizado com o empenho do partido em aprovar as reformas. Esse empenho vai trazer frutos positivos para a cidade", disse. Segundo ele, FHC afirmou que, não havendo problemas técnicos, os recursos seriam liberados. Ontem, em Macapá, o presidente negou que a eventual liberação de verba do BNDES faça parte de um acordo político com o PPB, partido de Pitta e de Maluf. "Não há acordo. Sendo justo e correto, não há problema", afirmou. Segundo o presidente, a prefeitura paulistana não terá tratamento especial em comparação com outras administrações municipais por razões políticas. Fura-fila Os recursos do BNDES seriam utilizados em um programa de construção de corredores de ônibus e no fura-fila. Bandeira eleitoral de Pitta, o fura-fila é o apelido do VLP (Veículo Leve sobre Pneus), um ônibus biarticulado que circula em vias exclusivas. A primeira linha do VLP deverá ser inaugurada um mês antes das eleições de 98, fato que preocupa tucanos paulistas. O deputado estadual Ricardo Trípoli (PSDB) diz que os recursos deveriam ser aplicados na construção do metrô, "que possui uma capacidade muito maior de transporte". "Se o prefeito quiser, o governador Mário Covas aceita fazer uma parceria", afirma. Trípoli diz que o BNDES deveria estudar detalhadamente o caso antes de financiar uma obra que, segundo ele, não é prioritária e tem finalidades eleitoreiras. Colaboraram a Reportagem Local e o enviado especial a Macapá Texto Anterior: Câmara vota hoje fim da estabilidade Próximo Texto: Resolução impede empréstimo Índice |
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