São Paulo, quarta-feira, 26 de novembro de 1997 |
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Lobistas podem desfigurar pacote fiscal
OSWALDO BUARIM JR.
A medida é o ponto mais polêmico do pacote baixado pelo governo para tentar contornar a crise gerada pelo crash nas Bolsas. Com exceção de algumas emendas que propõem aumentos menores do Imposto de Renda e de uma que recria alíquota de 35% para salários acima de R$ 9.000 por mês, todas as outras tratam de incentivos fiscais e tributários. Há emendas que visam reduzir ou suprimir o corte de renúncia fiscal para as regiões Norte e Nordeste, Zona Franca de Manaus, entidades filantrópicas, empresas de planos de saúde e escolas, concessão de vale-refeição e vale-transporte e financiamento a atividades artísticas. A lista de lobistas dos interesses regionais inclui o líder do governo no Senado, Elcio Alvares (PFL-ES), e líderes de partidos da base de apoio ao presidente FHC. Alvares assinou emenda para retirar da MP o aumento do IPI para carros importados. Sua emenda beneficia diretamente o porto de Vitória (ES), que concentra os negócios de importação de carros. O líder do PFL na Câmara, deputado Inocêncio Oliveira (PE), propõe suprimir o artigo que corta incentivos para as áreas de atuação da Sudene (Superintendência do Desenvolvimento do Nordeste) e da Sudam (Superintendência do Desenvolvimento da Amazônia). O líder do PMDB na Câmara, deputado Geddel Vieira (BA), defende corte de 25% dos incentivos fiscais ao Norte e Nordeste, contra os 50% previstos no pacote. Elcio Alvares reconheceu ontem que as MPs do pacote fiscal sofrerão um "bombardeio natural" de todos os partidos políticos, inclusive dos que apóiam o governo. O presidente do Senado, Antonio Carlos Magalhães (PFL-BA), quer evitar o aumento do IR e estimula tentativas de derrubar os cortes dos incentivos fiscais. ACM cobrou a aprovação das MPs pelas Comissões Mistas até o próximo dia 5. Ele quer votar as medidas até o dia 8 de dezembro. Ontem, o ministro da Fazenda, Pedro Malan, recebeu visitas de insatisfeitos com o pacote fiscal. A lista incluiu o governador Amazonino Mendes (PFL-AM), o deputado Arthur Virgílio (PSDB-AM), os senadores Bernardo Cabral (PFL-AM), José Roberto Arruda (PSDB-DF) e Eduardo Suplicy (PT-SP) e o presidente da Força Sindical, Luiz Antônio de Medeiros. Suplicy disse à Malan que a Receita Federal e a Previdência Social têm a receber de devedores R$ 53 bilhões -mais que o dobro da economia de R$ 20 bilhões que o governo espera com o pacote. Segundo Suplicy, Malan argumentou que esses recursos não podem ser recuperados no curto prazo devido à demora de tramitação dos processos administrativos e judiciais de cobrança dos créditos. Texto Anterior: Resolução impede empréstimo Próximo Texto: FHC ataca estáveis e poupa servidor do AP Índice |
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