São Paulo, quarta-feira, 26 de novembro de 1997
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MST protesta contra Incra em 8 Estados

BERNARDINO FURTADO

BERNARDINO FURTAD
DA REPORTAGEM LOCAL

Segundo movimento, ações foram motivadas por não-cumprimento de promessas feitas pelo governo

Num movimento sincronizado, o MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra) montou acampamentos ou invadiu as sedes do Incra (Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária) em seis Estados (São Paulo, Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Paraná, Goiás, Alagoas e Piauí) e manteve a invasão nas sedes de Pernambuco e Sergipe. Gilberto Portes, coordenador nacional do MST, disse que ainda ontem a sede do Incra em Minas também seria invadida por famílias sem terra.
Segundo Portes, o motivo da nova onda de invasões e protestos é o não-cumprimento de promessas feitas por Milton Seligman, atual presidente do Incra, e por Pedro Parente, secretário-executivo do Ministério da Fazenda, numa reunião com representantes do MST em 24 de julho, em Brasília.
Na época, Seligman e Parente eram ministros interinos da Justiça e da Fazenda, respectivamente.
Segundo Portes, eles assumiram conjuntamente três compromissos. Um deles era empenharem-se para o CMN (Conselho Monetário Nacional) aprovar a elevação do teto de financiamento do Procera (Programa de Crédito Especial da Reforma Agrária) de R$ 7.500 por família para R$ 17.600.
Outro compromisso dizia respeito à liberação de R$ 3,3 milhões de convênios firmados entre o MST e o Ministério da Educação para alfabetização nos assentamentos. O último previa recursos e ações administrativas necessárias para assentar 51.710 famílias.
A Folha tentou ontem ouvir Seligman por telefone três vezes. Funcionários do Incra informaram que ele passou a tarde em reunião. Portes disse que conseguiu marcar uma nova reunião com Seligman e Parente para amanhã.
Em São Paulo, cerca de 200 militantes do MST chegaram em ônibus fretados à sede estadual do Incra, entre 5h e 9h, mas foram contidos pela Polícia Militar, que, avisada da ameaça de invasão, na madrugada passou a vigiar o prédio.

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