São Paulo, quarta-feira, 26 de novembro de 1997
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PM culpa fugas por aumento de roubos

DA REPORTAGEM LOCAL

O comandante-geral da Polícia Militar, coronel Carlos Alberto de Camargo, atribuiu ao desemprego e ao grande número de fugas de presos o aumento na criminalidade em São Paulo.
A declaração foi dada ontem após reunião entre Camargo, o secretário da Segurança Pública, José Afonso da Silva, e o delegado-geral da Polícia Civil, Luiz Paulo Braga Braun, que definiu estratégias de ação das duas polícias para combater a criminalidade.
Os principais tipos de crimes cresceram na Grande São Paulo em outubro, primeiro mês de Camargo no comando da PM -ele assumiu o cargo na metade de setembro. Quando assumiu, ele anunciou a intenção de realizar várias operações contra a violência e colocar toda a tropa nas ruas.
Mesmo assim, o número de homicídios na região aumentou 12,7% em relação a outubro, roubos aumentaram 3,5% e furtos e roubos de veículos tiveram um acréscimo de 2,4%.
"A Polícia Militar está inteira na rua, tanto que muitos índices aumentaram, como o número de presos, de armas apreendidas, de ocorrências atendidas e de policiais mortos em combate", afirmou Camargo. "Isso é um retrato de que a PM está trabalhando."
Mas, segundo Camargo, outros fatores independentes do policiamento provocam o aumento na criminalidade, como o desemprego e a grande quantidade de fugitivos de cadeias e delegacias.
"Se cem presos fogem de uma delegacia, não vão procurar emprego, mas procurar vítimas. Isso foge do alcance da PM", declarou.
O delegado-geral concordou com a opinião de Camargo e afirmou que é necessária uma grande mudança no sistema carcerário para reduzir as fugas.
Camargo afirmou ainda que a responsabilidade pelo aumento da criminalidade é de toda a sociedade. Para ele, os setores da sociedade precisam abandonar a "síndrome de bode expiatório" e buscar soluções para reduzir a violência. "Não podemos deixar a sociedade chegar ao século 21 no estado de medo em que está hoje em dia. É preciso fechar a fabriquinha que produz bandidos e desencorajar as pessoas a entrar no crime."
Para alterar o quadro atual, Camargo promete implantar no próximo mês duas metas de sua gestão: o policiamento comunitário e a reciclagem dos policiais.
Segundo ele, a partir de 1º de dezembro, a PM irá implantar em 30 companhias -12 no interior e 18 na Grande São Paulo- projeto piloto de policiamento comunitário.
Pelo projeto, os PMs devem ter a área de ação reduzida, passando a conhecer melhor a comunidade onde atua e podendo combater com mais eficácia os problemas da comunidade. "O policial será um parceiro da população."

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