São Paulo, quarta-feira, 26 de novembro de 1997
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STJ decide que acusado de matar 18 presos terá novo julgamento

ABNOR GONDIM
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O STJ (Superior Tribunal de Justiça) decidiu ontem que o investigador de polícia Celso José da Silva será submetido a novo julgamento. Ele é o principal acusado da morte por asfixia de 18 presos no 42º Distrito Policial de São Paulo (SP) em 1989.
Os presos morreram depois de passar três horas trancados em uma cela pequena, sem ventilação.
A decisão foi tomada por unanimidade pelos cinco ministros que integram a 5ª turma do STJ. Eles entenderam que o acusado tem direito a novo julgamento porque foi condenado em 93 a pena superior a 20 anos. Silva está em liberdade há 19 meses e continuará nessa situação até o novo julgamento.
Os ministros rejeitaram recurso apresentado há um ano pelo Ministério Público de São Paulo contra decisão do Tribunal de Justiça do Estado que concedeu direito a novo julgamento ao investigador.
Celso foi condenado a 516 anos de prisão pelo Tribunal do Júri por causa da soma das penas a ele atribuídas pelas mortes dos 18 presos e por tentativa de homicídios de outros 30 presos também trancados na mesma cela. Isoladamente, as penas por cada preso eram iguais ou inferiores a 18 anos
O TJ reformulou a decisão do júri popular e determinou para o acusado a pena de 54 anos de prisão por entender que apenas praticou um ato responsável pelas mortes -o de trancá-los em uma cela inadequada. Com isso, a pena se tornou superior a 20 anos e exige novo julgamento, segundo o STJ.
"É um absurdo que após oito anos ninguém está preso por causa da chacina", disse o presidente do Conselho de Defesa dos Direitos da Pessoa Humana do Ministério da Justiça, Humberto Spínola.
O advogado Oswaldo Ianni defende a tese do crime culposo (sem intenção). Para ele, o investigador não pretendia matar os presos.

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