São Paulo, quarta-feira, 26 de novembro de 1997 |
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Hiroshima nunca mais
ELEONORA DE LUCENA São Paulo - As Bolsas asiáticas voltaram a despencar ontem, empurradas pela maior falência do pós-guerra no Japão. A Yamaichi Securities quebrou e deixou um rombo de US$ 24 bilhões. Outras falências estão por vir.Sem exagero, é possível dizer que o Japão repousa sobre uma bomba de crédito podre que pode chegar a US$ 1 trilhão. Quando -e se- ela vai estourar, é difícil dizer, mas os primeiros sinais de explosão já existem. Depois de Hiroshima, o Japão floresceu com o Plano Marshall. Inundou os EUA de produtos com muita tecnologia e bom preço. A reação norte-americana veio forte nos anos 80, mudando a relação dólar/iene. Os japoneses contra-atacaram exportando suas bases de produção para os vizinhos. Nos chamados tigres, Tóquio encontrou mão-de-obra barata para reduzir custos e enfrentar novas batalhas pelos mercados ocidentais. A estratégia deu certo por algum tempo e as economias asiáticas floresceram como jardins japoneses -na verdade, como florestas tropicais. Agora, são evidentes os sinais de esgotamento do modelo: o jardim está virando uma caatinga. Entre as causas da reviravolta está a economia norte-americana, que não pára de crescer há sete anos. Lá o nível de desemprego é o mais baixo desde 73. A questão é saber se essa pujança vai continuar ou se os efeitos da crise vão reduzir a velocidade do avanço dos Estados Unidos. A última previsão dos economistas dos países ricos aponta para uma queda no crescimento do PIB dos EUA. Ele cairia de 3,8% em 97 para 2,8% em 98, segundo a OCDE. Até agora, o Federal Reserve considera que será "modesto" o impacto do colapso asiático na maior economia da Terra. Mas é correto avaliar que uma quebradeira no Japão, detentor de um bom volume de títulos do Tesouro norte-americano, abalaria os EUA. Não por outra razão, os Estados Unidos estudam um megapacote para socorrer a Ásia. Dinheiro para fazer trincheiras e tentar isolar a crise no Oriente. No Ocidente ela já chegou, mas está abaixo do Equador. Texto Anterior: GERAÇÃO PATAXÓ Próximo Texto: A choradeira dos incentivos Índice |
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