São Paulo, sexta-feira, 28 de novembro de 1997
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Comissão apura irregularidade no IPT

FREDERICO VASCONCELOS
DA REPORTAGEM LOCAL

O IPT (Instituto de Pesquisas Tecnológicas), órgão do governo paulista, está tendo suas contas investigadas por uma comissão de sindicância criada para apurar supostas irregularidades.
A comissão é presidida pela Corregedoria Geral da Administração, órgão da Secretaria de Governo. Embora instalada com seu conhecimento, a sindicância causou desconforto a Emerson Kapaz, titular da Secretaria de Ciência e Tecnologia, à qual o IPT está vinculado.
A comissão apura suspeita de pagamentos indevidos a uma fornecedora e indícios de irregularidades em um fundo administrado pela diretoria administrativo-financeira, cujo titular é Dilson Suplicy Funaro, amigo de Kapaz e filho de Dilson Funaro, que foi ministro da Fazenda de 85 a 87, no governo Sarney, e morreu em 89.
Dilson e seu irmão Jorge Eduardo Suplicy Funaro -chefe de gabinete de Kapaz- foram nomeados e mantidos nos cargos pelo secretário de Ciência e Tecnologia, apesar de resistências internas.
Eles são réus em processo criminal que apura atos fraudulentos na falência da Trol, indústria de brinquedos da família do ex-ministro.
Jorge e Dilson foram denunciados como incursos em vários artigos do Código Penal e da Lei de Falências, acusados de emissão de duplicatas "frias", apropriação indébita, simulação de dívidas e desvio de bens.
Na ocasião da denúncia, em abril último, funcionários do IPT enviaram ofício a Kapaz, alegando que o caso afetava "a imagem e a credibilidade" da instituição, e pediram uma manifestação do secretário e do conselho diretor do IPT diante da "extrema gravidade" do caso.
Kapaz não se manifestou, por entender que seria prejulgar dois funcionários de sua confiança. Suplicy Funaro foi o sucessor de Kapaz na presidência do Sindicato da Indústria de Instrumentos Musicais e Brinquedos de São Paulo.
A Folha apurou que Kapaz acredita na hipótese de uma "armação" interna por parte de grupos articulados no funcionalismo do IPT, com interesses políticos, para prejudicar Dilson e, por extensão, atingir Kapaz e o governo Covas.
A comissão de sindicância foi instaurada, contudo, por decisão do diretor-superintendente do IPT, Milton de Abreu Campanário, em 27 de outubro, após auditoria interna. Da comissão fazem parte dois funcionários do IPT. O resultado deveria ser apresentado até anteontem.
Em reunião com funcionários, Campanário afirmou que havia dúvidas sobre o valor pago a uma contratada. Quatro pareceres jurídicos recomendavam valores abaixo dos efetivamente pagos, e há um parecer concordando com o preço pago. No caso específico, dois pareceres, recomendando valores menores, foram elaborados antes do pagamento à contratada.
Uma auditoria interna em todos os fundos fixos do IPT também encontrou indícios de irregularidades no fundo fixo da diretoria administrativo-financeira. Campanário disse aos funcionários que, para evitar suspeitas sobre a formação da comissão de sindicância, foi solicitado que a presidência ficasse a cargo da Corregedoria Geral da Administração. Suplicy Funaro ausentou-se do IPT por três dias para que a comissão examinasse seus arquivos.

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