São Paulo, sexta-feira, 28 de novembro de 1997
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Testemunhas não reconhecem ex-PM

FERNANDA DA ESCÓSSIA
DA SUCURSAL DO RIO

Apontado como participante da chacina da Vigário Geral, no Rio, por três testemunhas de acusação, o ex-PM Arlindo Maginário Filho, 37, não foi reconhecido por três moradores da favela que depuseram contra ele em juízo.
Ubirajara Santos e Jadir Inácio, sobreviventes da chacina, e Vera dos Santos, que perdeu oito parentes, disseram não ser capazes de apontar se Maginário fazia parte do grupo que entrou na favela em agosto de 93 e matou 21 pessoas. Os homens estavam encapuzados.
A participação de Maginário na chacina foi confirmada por Ivan Custódio, informante da polícia, e por dois oficiais militares que investigaram o caso. O julgamento de Maginário começou às 14h30 de anteontem e terminaria de madrugada. Ele alegou inocência e se recusou a depor.
O advogado de Maginário, Maurício Neville, esperava mudar nos debates a emoção causada pela exibição de reportagens sobre a chacina e de fotos das vítimas.
Num telão, os jurados viram fotos com os corpos das vítimas nas ruas da favela e na casa onde oito pessoas foram mortas. Parentes dos mortos acompanharam a exibição das fotos e choraram. Neville tentou impedir a exibição das imagens, mas não conseguiu.
Ele disse que seu cliente era inocente, mas não revelou a linha de defesa a ser adotada. "Vamos ver o que o Ministério Público vai alegar", afirmou.
A psicóloga Cristiane Coelho, arrolada pela defesa, disse aos jurados que a principal testemunha de acusação, o informante Ivan Custódio, apresentava "pluralidade de identidades".
Ela analisou depoimentos de Ivan e disse que ele costumava dar respostas diferentes sobre vários fatos, inclusive sobre a própria profissão.
O juiz José Geraldo Antônio alegou que Custódio não estava em julgamento e não permitiu que a psicóloga se detivesse no perfil psicológico. O testemunho da psicóloga foi atacado pelo Ministério Público, porque ela fez o perfil de Custódio sem ter conversado com ele e sem seu consentimento.
Custódio afirma que Maginário participou da reunião na qual a chacina foi planejada.

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