São Paulo, sexta-feira, 28 de novembro de 1997 |
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Brasil pára em 98, prevê a Economist Máxi não está descartada OSCAR PILAGALLO
A previsão está sendo divulgada hoje pela Economist Intelligence Unit, um dos mais influentes institutos de pesquisa do mundo. Com a alta dos juros, que praticamente dobraram, e o pacote de medidas fiscais, o PIB deve crescer apenas 0,8% em 1998, segundo o instituto, muito abaixo da projeção anterior, de 3,8%. O PIB (Produto Interno Bruto) é a soma de riquezas produzidas pelo país num determinado período. O efeito recessivo das medidas estava previsto desde seu anúncio, mas há divergências sobre a intensidade do impacto. O governo, mais otimista, prefere trabalhar com a projeção de crescimento econômico de 2% no próximo ano. A Fundação Getúlio Vargas divulgou nesta semana número mais conservador: 1,5%. É mais provável, no entanto, que os investidores estrangeiros fiquem com a previsão da Economist. O instituto é ligado ao grupo britânico que edita a revista "The Economist", cujas informações tendem a formar consenso na comunidade financeira mundial. Em caso de máxi O relatório da EIU não descarta a hipótese de, diante do agravamento da situação, o governo ser obrigado a desvalorizar o real. Uma desvalorização abrupta da moeda teria efeito tão desastroso sobre o plano de estabilidade que até mesmo os exportadores -os principais beneficiários- deixaram de sugerir a medida depois do ataque especulativo contra o real em outubro. O cenário de desvalorização poderia se materializar com uma forte contração da liquidez internacional, na avaliação do instituto. Ou seja, se fosse reduzida a disponibilidade de capital estrangeiro, do qual o Brasil depende. A mexida no câmbio poderia também ser resultante do aumento da preocupação com os déficits fiscal e das contas externas. O relatório constata o óbvio: a desvalorização pode deflagrar a volta da inflação alta, destruindo a reputação de FHC como avalista da estabilidade, que é o seu único trunfo eleitoral indiscutível. O instituto prevê que, se FHC não for reeleito, as perspectivas econômicas seriam incertas e desfavoráveis. A premissa do relatório é que apenas uma coalizão de esquerda, por enquanto inexistente, poderia derrotá-lo. A EIU deixa claro, no entanto, que o presidente FHC continua sendo o candidato favorito nas eleições de outubro. Escapando da recessão O instituto britânico atribui ao governo a estratégia -que a crise se encarregou de inviabilizar- de deixar para depois das eleições os cortes nos gastos. Diz que o único saldo positivo dos problemas recentes foi terem eles sensibilizado a Câmara a aprovar a emenda constitucional que permite demitir servidores públicos, o que melhora as perspectivas de equilíbrio fiscal a médio prazo. O desempenho razoável da economia no primeiro semestre, e que foi aparentemente mantido no terceiro trimestre, não se repetirá nos últimos dois meses do ano, apesar da proximidade do Natal. O instituto estima expansão de 3,2% do PIB neste ano, já descontados aí os efeitos da alta dos juros e do pacote fiscal. No próximo ano, essas medidas aumentarão modestamente as vendas ao exterior porque o baixo nível de consumo interno criará mais excedentes exportáveis. Pelo mesmo motivo, as importações deverão crescer menos, podendo até cair. Para o instituto, não fosse o programa de privatizações o Brasil entraria em recessão em 1998. Texto Anterior: Bolsa de SP sobe 2,62%; dólar fica estável Próximo Texto: BC japonês injeta US$ 4 bi em bancos Índice |
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