São Paulo, sexta-feira, 28 de novembro de 1997
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CBF vai punir treinadores do Santos e do Atlético-MG

MÁRIO MAGALHÃES
DA SUCURSAL DO RIO

O Tribunal Especial da CBF (Confederação Brasileira de Futebol) vai punir os técnicos Wanderley Luxemburgo, do Santos, e Emerson Leão, do Atlético-MG.
Eles podem ser suspensos por até dez meses pelas declarações que deram anteontem à noite.
Depois de ser expulso pelo árbitro Cláudio Vinicius Cerdeira na partida em que sua equipe goleou o Internacional por 4 a 0, Luxemburgo chamou-o de "ladrão" e disse que seu clube está sendo prejudicado pela CBF por causa do projeto de lei Pelé.
O ministro dos Esportes é o "padrinho" da diretoria do Santos. Seu projeto de lei que reestrutura a administração esportiva tem a oposição da CBF.
O técnico Leão afirmou existir um "esquema do Palmeiras", que busca beneficiar o time paulista no Campeonato Brasileiro.
O Atlético-MG perdeu para o Palmeiras por 1 a 0 e protestou contra o árbitro Wilson de Souza Mendonça, que não marcou um pênalti no atacante Valdir.
O presidente do Tribunal Especial, Luís Cláudio Bezerra de Menezes, requisitou à TV Globo cópias do vídeo com as declarações.
"Ainda não vi as imagens", afirmou Menezes.
"Se elas confirmarem o que estão me dizendo, os dois treinadores serão indiciados e irão a julgamento", disse ele.
A reação da CBF foi dura, principalmente contra Luxemburgo.
"O que ele disse foi uma bobagem inominável", afirmou o diretor técnico da entidade, Gilberto Coelho.
"O Santos tem recebido o maior carinho da gente. Sua ordem de jogos no Grupo B, começando fora e terminando a primeira fase em casa, foi igual à do Vasco no Grupo A, embora o Vasco tenha tido a melhor campanha na primeira fase, bem superior à do Santos."
"As pessoas gostam de falar até sem saber do que estão falando. Pior é que, de tanto falar, às vezes o que dizem se torna verdade."
Wanderley Luxemburgo pode receber suspensão de 120 dias por ter xingado o árbitro e de 180 por "atribuir fato inverídico a (...) entidades dirigentes".
O presidente da CBF, Ricardo Teixeira, ironizou as declarações de Leão sobre a existência de um "esquema Palmeiras".
"Isso é estranho", afirmou o dirigente. "Afinal, todos sabem que a Parmalat (co-gestora do time) é minha concorrente." Teixeira tem fazendas no Estado do Rio, onde produz laticínios.
"Tem mais: o patrocinador da CBF é a Nike, e não a Parmalat. Se todas as acusações constarem das súmulas, serão assunto para o tribunal", acrescentou Teixeira.
Leão pode ser suspenso por até oito meses, se a Justiça esportiva separar o processo. Um julgamento seria sobre as acusações ao Palmeiras. Outro, por atacar o juiz.
O técnico Zagallo foi dúbio sobre a atitude dos técnicos: "Cada um age à sua maneira. Eu, felizmente, nunca cheguei a esse ponto na minha carreira".
O julgamento de Luxemburgo e Leão deve ocorrer em 11 dias.

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