São Paulo, sexta-feira, 28 de novembro de 1997
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'Bibi' vira alvo de extremistas judeus

DAS AGÊNCIAS INTERNACIONAIS

A polícia de Israel prendeu ontem dois judeus extremistas que colavam cartazes, em Jerusalém, contra o primeiro-ministro Binyamin "Bibi" Netanyahu. O pôster, que apresenta o premiê vestido com a "keffiah" (tradicional turbante árabe) e o chamava de "mentiroso", foi espalhado pela cidade.
A extrema direita israelense, que comandou uma campanha que desembocou no assassinato do premiê Yitzhak Rabin, em 1995, volta agora seus ataques contra o direitista Netanyahu. Cerca de 30 militantes fizeram protestos públicos ontem.
Eles acusam "Bibi" de traição por causa de seu plano, apresentado nesta semana, de retirada da Cisjordânia. O premiê afirmou que quer iniciar as negociações para o status final dos territórios logo após a retirada israelense. Ele não revela a dimensão da retirada proposta, mas ela aconteceria em uma única etapa.
A imprensa israelense diz que Netanyahu planeja entregar entre 6% e 8% dos territórios da Cisjordânia. Os palestinos, baseados nos acordos de Oslo, de 1993, reivindicam receber 90% da região.
Rabin, que assinou os acordos de paz com Iasser Arafat -hoje presidente da Autoridade Nacional Palestina (ANP)- teve da extrema direita o mesmo tratamento que "Bibi" começa a receber.
Pouco antes do assassinato, cartazes semelhantes atacando-o podiam ser vistos nos comícios de Netanyahu. Lea Rabin, viúva do premiê, acusa "Bibi" de ter incitado o ódio que levou à morte de seu marido.
Os partidos da direita religiosa israelense, que pertencem à coalizão governista do premiê, ameaçam retirar seu apoio no caso de novas saídas da Cisjordânia.
Um ativista político da extrema direita, Noam Federman, afirmou que foram seus amigos que colaram os cartazes ontem. "Há três semanas Netanyahu disse que não faria mais retiradas. Agora ele mente. Qual é a diferença entre ele e Rabin?", argumentou.
Um porta-voz dos colonos judeus de Gaza e Cisjordânia anunciou que o grupo planeja para sábado à noite uma demonstração em frente à casa de "Bibi", em Jerusalém. Será o primeiro protesto do gênero desde a sua eleição.
Netanyahu não conseguiu apoio ao seu plano dentro do gabinete. Uma nova reunião, marcada para domingo, voltará a tratar do tema. Ontem, o ministro da Indústria, Natan Sharansky, que lidera uma grande bancada parlamentar, declarou apoio ao premiê na questão.
"Bibi" é pressionado também pela esquerda, pelos palestinos e pelos EUA, que querem o cumprimento dos acordos já assinados.
A relação entre Israel e os EUA vive dias ruins. O presidente Clinton e a secretária de Estado Madeleine Albright fazem críticas abertas a Netanyahu. O jornal israelense "Yediot Ahronot" publicou ontem declaração de "Bibi", que teria dito, brincando: "Clinton nos está tratando da mesma forma que trata Saddam Hussein."
Presença no Líbano
O comandante do Exército responsável pelas tropas israelenses que ocupam a chamada faixa de segurança no sul do Líbano, general Amiram Levin, desmentiu ontem que teria proposto uma retirada unilateral da região.
Três deputados afirmaram em reunião do Parlamento que Levin defendia essa retirada. "Há debates sobre isso dentro do Exército", disse o general. "Há aqueles que querem a saída e outros que defendem uma melhora nos métodos de combate."
Pelo menos 38 soldados israelenses morreram este ano em combates com extremistas islâmicos.
Israel tem cerca de 1.500 homens numa faixa de 15 km no sul do Líbano, para garantir a segurança de povoados do norte do país.
Caças israelenses bombardearam ontem bases do grupo extremista islâmico Hizbollah.
Pelo menos um militante xiita morreu no ataque que, segundo fontes de Israel, foi feito em represália a uma ação contra um de seus postos de controle.

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