São Paulo, sábado, 29 de novembro de 1997
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Deputado acusa o governo de retaliação

LUCIO VAZ
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O deputado Vicente Cascione (PTB-SP) disse à Folha que sofre retaliação do governo porque votou contra a reforma administrativa. Suas emendas ao Orçamento estariam sendo barradas no Ministério da Previdência e Assistência Social.
Cascione afirmou que vai pedir abertura de processo contra o presidente Fernando Henrique Cardoso porque o governo, segundo ele, deixou de atender entidades carentes por motivos políticos.
O deputado esteve com a secretária de Assistência Social, Lucia Vânia, no dia 11 deste mês, e pediu o atendimento das suas emendas, que destinam recursos para entidades assistenciais de Santos.
Na audiência, teria apresentado toda a documentação necessária. Após 15 dias, o deputado ligou para o assessor parlamentar do ministério, Carlos Peixoto, e perguntou por que as emendas não haviam sido liberadas.
Nesse dia foi votado na Câmara o dispositivo que quebrou a estabilidade do servidor público. Cascione votou contra o governo.
O deputado perguntou sobre os critérios usados para determinar os cortes. "O senhor sabe, o senhor é contra o governo. O senhor vota contra o governo. É esse o problema", teria respondido o assessor, segundo Cascione.
Culpa
Cascione apresentou emendas para atender oito entidades que trabalham com cegos e crianças carentes, defeituosas ou com paralisia cerebral.
"Essas crianças não têm culpa se eu votei contra o governo", disse.
Ele afirmou que "o Congresso está refém das verbas do Orçamento". "O presidente usa essas verbas para conseguir o voto dos deputados. Mas o dinheiro não é do presidente, é do Orçamento."
Peixoto estava viajando ontem, quando foi procurado pela Folha. A reportagem telefonou para Lucia Vânia às 13h30 de ontem. Vânia negou que tenha ocorrido a ameaça de retaliação. "Não é verdade, é má-fé. A secretaria não trabalha nesse nível."
Lucia Vânia disse que não houve a liberação dos recursos porque a secretaria estaria fazendo um laudo técnico sobre as creches que serão beneficiadas. "Temos que ver se as creches são idôneas e fazer uma seleção."
Trinta minutos depois, Vânia telefonou para a Folha e disse que a vistoria nas creches de Santos já estava concluída. "Falei com a equipe técnica. As creches são idôneas. Têm condições de prestar os serviços. Acredito que não haverá problema para a liberação", disse.

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