São Paulo, sábado, 29 de novembro de 1997
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FHC critica aposta no fracasso do Real

DA AGÊNCIA FOLHA EM BELO HORIZONTE

O presidente Fernando Henrique Cardoso (PSDB) afirmou ontem que quem apostar no fracasso da economia brasileira buscando dividendos eleitorais em 1998 estará fazendo uma aposta ruim.
"Não vai haver fracasso do Real. Quem aposta no quanto pior, melhor, faz uma aposta ruim", disse FHC em entrevista ao vivo à rádio Itatiaia, de Belo Horizonte, no início da tarde de ontem.
Essa resposta foi dada à afirmação de que começam a ocorrer "ensaios" de candidaturas à Presidência da República em 1998 de integrantes da base aliada do governo que estariam apostando em um fracasso do Plano Real para romper a aliança e desenvolver candidatura própria.
O senador Antonio Carlos Magalhães (PFL-BA), conforme noticiou a Folha na última terça-feira, tem incitado especulações sobre uma eventual candidatura sua no ano que vem.
"Acho que o que às vezes acontece são especulações", disse FHC, prosseguindo na sua resposta. "De qualquer maneira, acho que qualquer brasileiro que queira ser candidato tem todo o direito de ser, é legítimo", afirmou.
"Vocês sabem que eu trabalho com muito entusiasmo pelo Brasil, não só pelo Plano Real, mas pelas mudanças que estamos fazendo no Brasil. Mas eu não posso pretender que eu seja o único brasileiro capaz de fazê-lo", disse.
O presidente afirmou que não "aceita" a idéia de recessão. "Acho que não há razão para isso. As dificuldades existem, não podemos negá-las, mas o Brasil tem suficientes recursos para se contrapor. O governo está empenhado em políticas que impeçam a recessão."
Segundo FHC, a política do governo de manter as reservas cambiais "muito elevadas" permitiu que a equipe econômica adotasse as medidas de proteção à economia interna nesse momento de crise internacional.
"Temos mecanismos de defesa da moeda, desde que aconteça o que está acontecendo agora: o governo disposto e o Congresso que apóia."
Questionado se o governo tem mais cartas na manga para enfrentar novas turbulências na economia, FHC disse: "Se tivesse não diria, mas sempre se tem".
FHC disse que a reforma tributária ficará para o próximo ano e espera que as reformas previdenciária e administrativa sejam concluídas até o Carnaval.
"A reforma tributária vamos debatê-la no ano que vem. Não já, porque não terminamos ainda a administrativa e a previdenciária. Não há condições políticas para aprovar tudo de uma vez", disse.

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