São Paulo, sábado, 29 de novembro de 1997
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Mais dez réus têm julgamento marcado para dia 3

FERNANDA DA ESCÓSSIA
DA SUCURSAL DO RIO

Mais dez réus acusados de participação na chacina de Vigário Geral têm julgamento marcado para o dia 3 de dezembro, também no 2º Tribunal do Júri. O Ministério Público deverá pedir a condenação de todos.
Esses réus têm uma situação peculiar: foram "inocentados" pelas conversas gravadas nas fitas obtidas nos presídios e soltos por ordem judicial. Três voltaram a ser presos por outros motivos.
As fitas foram analisadas pela Unicamp (Universidade Estadual de Campinas) e consideradas verídicas. Contra o réu Gilson Nicolau, porém, há uma prova técnica: o laudo de balística comprovando que uma bala de sua arma foi encontrada no corpo de uma vítima. Nicolau está preso.
A defesa tentará provar que, ao usar ontem as fitas para condenar Maginário, o Ministério Público reafirmou a veracidade delas, o que absolveria os dez réus.
A defesa tentou convocar como testemunha o antigo promotor do caso, José Muiños Piñeiro, que conhece o teor das fitas. O juiz José Geraldo Antônio indeferiu o pedido.
Outra tática da defesa pode ser o adiamento do julgamento, para evitar que o impacto da condenação de Maginário influencie os futuros jurados.
O promotor Luciano Lessa Gonçalves dos Santos afirmou que, embora tecnicamente verídicas, as fitas podem resultar de um "acordo", uma conversa combinada entre os acusados. "As provas não são excludentes, elas se completam", disse.
Lessa, 25, teve seu primeiro júri de repercussão. Ele lembrou que a mais jovem das vítimas tinha 15 anos e pediu que os jurados pensassem no pavor que ela deve ter sentido na hora da morte.
"Nós achamos que uma barbaridade assim só acontece com os outros, senhores. Acontece conosco também", disse.
Parentes dos mortos acompanharam o julgamento. "Até uma pena de mil anos seria pequena, disse Odenir Alves, 61.
Até hoje as famílias das vítimas não receberam indenização pelas mortes. Há mais de 50 denunciados no processo, e Maginário foi o segundo a ser julgado. O primeiro réu, Paulo Roberto Alvarenga, recebeu pena de 449 anos de prisão.

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