São Paulo, sábado, 29 de novembro de 1997
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Mãe acusada de morte recebe habeas corpus

Mulher permanece internada em hospital

LUIZ FRANCISCO
DA AGÊNCIA FOLHA, EM SALVADOR

O juiz federal de Ilhéus (BA) Antônio Ezequiel da Silva concedeu ontem à tarde um habeas corpus à agente de cobranças Carla Andréia Dato, 24, acusada de matar por asfixia seu filho recém-nascido durante um vôo de São Paulo a Porto Seguro (BA).
Carla havia sido presa em flagrante na última terça pela delegada Eliana Teles. Uma agente feminina permanecia de plantão no apartamento da agente de cobranças para fazer cumprir a determinação da delegada.
O pedido de habeas corpus foi apresentado ao juiz pelos três advogados de Carla. Às 16h30 de ontem, o alvará foi entregue à delegada Eliana Teles, de Porto Seguro (705 km de Salvador).
Carla é acusada de matar seu filho na última terça-feira, em um vôo da Nordeste Linhas Aéreas. O parto teria acontecido dentro do banheiro do avião. Depois de asfixiar o bebê, ela teria jogado o corpo no vaso sanitário.
Laudo do IML (Instituto Médico Legal) Nina Rodrigues, de Salvador, revela que a criança nasceu com vida e foi asfixiada com papel higiênico. O bebê tinha nove meses de gestação.
Ainda na clínica Amep (Associação Médica de Porto Seguro), onde permanece internada desde a última terça, Carla prestou ontem depoimento de mais de oito horas para a delegada Eliana Teles.
Ela confirmou a versão apresentada por seus advogados para a morte do bebê. Segundo Carla, o bebê foi sugado pela descarga do vaso sanitário. "Eu estava sentada, com hemorragia e dilatação, quando apertei a descarga do vaso sanitário. Eu não vi mais nada."
Durante todo o dia de ontem cerca de 120 pessoas permaneceram concentradas em frente à clínica Amep. Com medo de uma invasão -as pessoas ameaçaram entrar no prédio para linchar a acusada-, a polícia de Porto Seguro reforçou o esquema de segurança no local.
Os médicos que trabalham na Amep informaram que Carla deverá permanecer internada por pelo menos mais 48 horas.
Segundo boletim médico divulgado ontem à tarde, ela apresenta um quadro clínico estável, mas precisa descansar. A Agência Folha tentou falar com Carla, mas os funcionários da Amep foram proibidos de passar as ligações.

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