São Paulo, sábado, 29 de novembro de 1997
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Arquibancada vira solário no Pacaembu

RITA NAZARETH
DA REPORTAGEM LOCAL

Com exceção das partidas de futebol, o grande atrativo do estádio do Pacaembu, em São Paulo, tem sido a utilização gratuita da piscina olímpica de seu centro esportivo e educacional.
Só que ela é mais uma vítima da crise nos cofres municipais e, neste verão, os frequentadores do centro terão de se contentar com a arquibancada da quadra de tênis -e só para tomar sol.
Desde abril, a piscina está desativada por falta de segurança. "A água estava solapando a estrutura da piscina e fazendo com que ela se inclinasse para um lado, enquanto o ginásio de esportes, logo abaixo, se inclinava para o outro", diz o diretor do estádio, o jogador de basquete Marcel Ponikwar.
Ele diz que o conserto da piscina exigiria R$ 1 milhão. "Mas esgotamos nosso crédito com a secretaria de Esportes", diz Marcel. "Ela já nos repassou R$ 11 milhões para a reforma do tobogã dos torcedores -mais emergencial que a piscina, devido aos jogos de futebol."
O secretário municipal de Esportes, Oscar Schmidt, diz que a reabertura da piscina vai ocorrer só em 99. "Sua reconstrução será nossa prioridade para 98."
A direção do estádio e a secretaria não souberam informar a verba total destinada ao estádio em 97.
Depreciação
Há mais de um ano, os usuários da área de lazer do Pacaembu têm feito reclamações sobre a depreciação do estádio municipal.
A sala de musculação também foi desativada este ano. "A quadra de tênis tem fendas no solo e a iluminação da área do gramado é fraca", diz o técnico em educação física Sérgio Cardoso Neves, que frequenta o local há mais de dez anos.
"Ainda não soube de assalto dentro do estádio", diz a atriz Luciene Adami, que caminha todos os dias em volta do gramado. "Mas a luz fraca traz uma certa insegurança em quem vem à noite."
A falta de informação é outro problema. A tradutora Janice Mazzilli afirma que ficou quase meia hora para achar a sala de condicionamento físico para a terceira idade. "Andei pelo estádio inteiro para descobrir que a sala ficava na entrada, de onde eu tinha vindo."
Janice reclama da má vontade dos funcionários. "A pessoa que preenche os dados da carteirinha parece que está fazendo um favor", diz a tradutora.
Marcel, o diretor, acha tudo normal. Diz que os vigias não são pagos para dar informação e que os demais funcionários "não deixam de ser servidores públicos e é até compreensível que ajam desta forma, dada a condição de vida que levam."

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