São Paulo, sábado, 29 de novembro de 1997
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

FHC perdeu e ACM ganhou

FERNANDO RODRIGUES

Brasília - Havia para o governo duas possibilidades de perdas com o pacote fiscal. Uma era econômica. A outra, política.
A entrevista de FHC ontem colocou um ponto final nas dúvidas sobre o resultado desse jogo. Constrangido, o presidente admitiu modificar vários pontos do pacote.
Do ponto de vista econômico, segundo FHC, não haverá perdas. Os R$ 20 bilhões de ganhos serão mantidos. É prudente aguardar um pouco até que essa previsão se confirme.
Sob o aspecto político, o pacote fiscal representa uma das maiores trapalhadas em que a república tucana conseguiu se meter. Há derrotados e vencedores claros nesse episódio.
O maior perdedor de todos foi FHC. O presidente resolveu fazer o pacote fiscal sozinho com sua equipe econômica. Políticos receberam o prato feito. Teriam de aceitar a surra na íntegra, sem alterações. Deu tudo errado. Haverá dezenas de modificações.
FHC atenuou um pouco sua derrota ao aparecer ontem para dar uma entrevista -ele mesmo- sobre o recuo. Demonstrou coragem, o que é louvável. Poderia ter escalado um dos seus tecnocratas de plantão. Preferiu enfrentar sozinho o ônus.
Essa atitude do presidente o colocou numa condição menos desfavorável daquela em que ficou encalacrado o PSDB. Os tucanos, até de forma ingênua, repetiram sem parar uma bobagem nas últimas duas semanas. Diziam que o pacote deveria e seria aprovado na íntegra. Não será.
Do outro lado da trincheira, há vários vencedores. O senador Antonio Carlos Magalhães (PFL-BA) está léguas na frente de todos eles. Não só por ter sido o primeiro a levantar a bandeira -meramente política- de proteção da classe média. Mas, principalmente, por ter falado tudo sempre de forma pública, sem futricar FHC pelas costas.
O PFL, é claro, já recebeu uma ordem de ACM. Ninguém deve tripudiar sobre FHC e os tucanos. Se isso vai ser possível, ninguém sabe. O PSDB está uma fera. E, na semana que vem, deve passar vários recibos da sova -mais uma- que levou dos pefelistas.

Texto Anterior: O Éden virtual
Próximo Texto: A família brasileira
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.