São Paulo, domingo, 30 de novembro de 1997
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Premiê define-se como 'radical de centro'

CLÓVIS ROSSI
DO ENVIADO ESPECIAL

Até a igreja britânica parece achar que Tony Blair abandonou a preocupação com os mais pobres.
Em documento divulgado 20 dias antes das eleições de maio, dizia: "Nenhum dos partidos políticos adiantou um programa que ofereça real esperança de melhorias para os mais necessitados".
Não é, em todo o caso, o que pensam setores da esquerda brasileira. Em artigo para a revista petista "Tendências e Debates", três economistas que fazem doutoramento ou pós-doutoramento na mitológica Universidade de Oxford dizem:
"O compromisso do novo governo trabalhista com princípios clássicos da social-democracia e da esquerda européia torna-se evidente a partir de uma breve descrição dos primeiros projetos e programas."
O texto é de Renato Colistete, Renato Maluf e Márcio Nakane.
O ponto principal para justificar a afirmação é o fato de Blair ter introduzido um imposto (a ser cobrado uma única vez) sobre os lucros das empresas privatizadas.
Renderá cerca de 5,2 bilhões de libras esterlinas (US$ 8,8 bilhões). Será usado para subsidiar empresas que contratem jovens desempregados, para pagar cursos de treinamento de mão-de-obra e para melhorar as instalações escolares.
O próprio Tony Blair parece pouco à vontade com o rótulo de esquerdista ou mesmo centro-esquerdista.
Em entrevista para a revista norte-americana "Time", às vésperas da eleição, definiu-se com uma contradição em termos: "Sou um político radicalmente centrista".
O centro é, por definição, o avesso de qualquer radicalismo.
Mas Blair argumenta que "o centro é a única posição a partir da qual se pode trabalhar pela mudança, porque os extremos, exceto em circunstâncias muito especiais, perderão o consenso da população, que é necessário para fazer tais mudanças".
(CR)

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