São Paulo, domingo, 30 de novembro de 1997
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Moreira Franco tentou empregar cunhado

LUCIO VAZ
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Além de ter sua mulher, Clara Maria Vasconcelos Torres, trabalhando em condições privilegiadas, o relator da reforma administrativa, deputado Moreira Franco (PMDB-RJ), pediu ao Senado a cessão de seu cunhado, Antônio Rosalvo Vasconcelos Torres, para seu gabinete na Câmara dos Deputados.
Um ato do presidente do Senado, Antonio Carlos Magalhães (PFL-BA), publicado no boletim administrativo do dia 14 de novembro, aprovou a cessão do cunhado de Moreira, sem prejuízo dos vencimentos. Ele continuaria recebendo salário pelo Senado.
Dois dias mais tarde, a reportagem da Folha entrevistou Moreira sobre a situação funcional de Clara Maria.
Ela trabalha em casa, no Rio de Janeiro, três horas por dia, e não registra o ponto. Ajuda na elaboração do "clipping" (compilação de notícias de jornais) do Senado.
Na segunda-feira, dia 17, Moreira procurou o presidente do Senado e pediu que o processo de cessão fosse tornado sem efeito. A reportagem sobre sua mulher foi publicada no dia seguinte.
No dia 21, foi publicado o ato do presidente do Senado tornando sem efeito o processo 18.169/07, que cedia o servidor da Casa para o gabinete do deputado.
Moreira disse à Folha que seu cunhado, Antonio Rosalvo, não tem mais nenhuma ligação com o seu gabinete. Ele confirmou que solicitou ao Senado o cancelamento da cessão do servidor.
Aposentada
A reportagem sobre a mulher do relator da reforma administrativa foi reproduzida pelo jornal do Sindilegis (Sindicato dos Servidores do Legislativo).
O projeto de Moreira, aprovado pela Câmara, determinou o fim da estabilidade do servidor público.
Clara foi transferida em 1995 do escritório de representação do Senado no Rio de Janeiro, chamado de "Senadinho", para a Secretaria de Comunicação Social do Senado, que funciona em Brasília.
O secretário de Comunicação Social do Senado, Fernando Cesar Mesquita, disse que a transferência foi pedida por Moreira.
"Como eu precisava de uma pessoa para fazer o "clipping" no Rio, aceitei. Mas deixei claro que ela teria que trabalhar", disse Mesquita. Moreira negou que tenha feito o pedido.
Após a publicação da reportagem, Clara, 41, pediu aposentadoria proporcional ao Senado.
Se esperasse pela aprovação da reforma da Previdência, só poderia se aposentar após os 55 anos, com 30 anos de contribuição.
No mês de dezembro, Clara vai tirar férias, enquanto espera pela conclusão do processo de aposentadoria, conforme informou Mesquita.

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