São Paulo, domingo, 30 de novembro de 1997
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Socorro é formada em Letras

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

A mulher que hoje chefia o departamento responsável pela administração das reservas internacionais do BC sonhava seguir a carreira de professora até fazer concurso para técnica em 1973.
Formada em Letras pela UnB (Universidade de Brasília), ela começou a trabalhar na área externa devido ao seu conhecimento de inglês e francês. Com 20 anos e já trabalhava na mesa de aplicação das reservas em moeda estrangeira.
Nunca pensou em cursar economia: "Não preciso ser economista porque não sou formuladora, mas implementadora de medidas." Pensou em seguir a carreira de diplomata, mas acabou sendo absorvida pelos trabalhos dentro do BC.
Hoje, nos momentos de lazer, os livros de literatura foram substituídos por outros que tratam dos caminhos da economia. O tempo fora do trabalho serve para ficar ao lado das duas filhas -Fernanda, 21, e Renata, 18.
Mulher forte dentro da equipe do BC, Maria do Socorro têm cinco computadores em sua sala. É por meio deles que acompanha os movimentos do mercado internacional. Nos momentos de nervosismo, ela trabalha junto aos operadores da mesa de câmbio.
A chefe do Depin começa a trabalhar antes das 9h e sai do BC depois da 20h. O tempo não permite que ela almoce em casa. Durante os dias mais nervosos do mês de outubro, ela comeu sanduíche junto com os 25 operadores da mesa de câmbio.
No dia 26 de outubro, Maria do Socorro foi para casa já sabendo que os bancos haviam contratado a compra de dólares com cotação acima do teto da minibanda.
Chegou ao trabalho no dia seguinte com uma estratégia para ser discutida com o presidente do BC, Gustavo Franco: iniciar os leilões de venda de dólares com lote mínimo de aquisição com valor 10 vezes maior do que os normais. Em vez de US$ 500 mil o BC ofereceu de saída US$ 5 milhões.
Foram sete leilões de venda ao longo do dia 27 e logo depois o lote mínimo pulou de US$ 10 milhões para US$ 15 milhões. "Era preciso ver até onde ia a saciedade do mercado", diz ela.
Maria do Socorro disse que leilões com valores mais altos também funcionam como um mecanismo para tornar as operações menos traumáticas.
A chefe do Depin, nomeada para o cargo em janeiro deste ano, aprendeu a lidar com um mercado em que os homens são maioria.

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