São Paulo, domingo, 30 de novembro de 1997
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Sorte

RODRIGO BUENO

Por mais que alguns insistam em dizer que sorte não existe, esse elemento é parte integrante da vida, especialmente do mundo esporte e, mais especialmente ainda, do futebol.
Ou é a bola que desvia na barreira e pega o goleiro no contrapé ou é o chute perfeito que acerta a trave ou é o craque rival que se contunde ou é o sorteio da competição que reserva frágeis adversários.
Na próxima quinta, a sorte estará atuando decisivamente sobre a Copa da França, quando, em Marselha, serão definidos os grupos do Mundial.
Como é sabido que a capacidade dos oponentes influi diretamente na evolução de uma equipe em um torneio, a Fifa vai dividir os 32 times classificados em quatro categorias: os cabeças-de-chave, os times de bom nível, as equipes de segunda linha e os coadjuvantes.
Mais que válido, esse esforço em equilibrar os grupos se faz necessário, mas não tem garantido o resultado esperado.
Mesmo entre África do Sul e Jamaica, novatas em Copas, ou entre Holanda e Bulgária, equipes de bom nível, há uma substancial diferença de qualidade.
Para aumentar a chance de desequilíbrio nas chaves, os critérios da Fifa para diferenciar as equipes, como o próprio ranking da entidade, deixam muita margem a dúvidas.
Será sorte enfrentar prematuramente a Nigéria, a "modesta" 71ª colocada no ranking? Será azar cair no grupo do México, o "valoroso" 11º do mundo?
Perguntas como essas são menos dúbias que as rotineiras conversas de torcedores no bar.
"Se o Cerezo não tivesse tocado a bola para o Paolo Rossi em 82" ou "se a bola não tivesse batido nas costas do Carlos em 86" ou "se o Dunga tivesse quebrado o Maradona quando ele saiu driblando a todos em 90".
Se você acha que faltou sorte nessas ocasiões, tem razões de sobra para acompanhar o sorteio da Copa com uma figa e um trevo de quatro folhas.

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