São Paulo, domingo, 30 de novembro de 1997
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Monarquias cortam gastos para sobreviver

IRINEU MACHADO
DE LONDRES

Depois do fim dos grandes impérios do passado, as monarquias se deparam com um novo dilema neste final de século. Ou se adaptam aos novos tempos, ou podem estar condenadas a desaparecer. Adaptação, atualmente, significa reduzir gastos.
Os contribuintes são quem diretamente financiam as principais monarquias existentes. Monarcas frequentemente aparecem nas listas das pessoas mais ricas do mundo, mas seus gastos são custeados com repasses de arrecadação de impostos.
"A redução de custos é uma tendência das monarquias de modo geral, mas particularmente no Reino Unido. Hoje, não tenho a mesma certeza que tinha há três anos de que, em 15 anos, ainda teremos monarquia no país", declarou à Folha o professor Rodney Barker, 55, especialista em monarquia da London School of Economics.
Sua incerteza vem da pressão que se impôs sobre a família real britânica para a redução de gastos nos últimos anos. Essa tendência se verifica em outros países, que também enfrentam déficits orçamentários e buscam enxugar gastos.
A monarquia britânica é a mais cara do mundo. Os US$ 55,8 milhões anuais gastos com despesas da realeza e manutenção de palácios, castelos e residências reais correspondem aos gastos da corte espanhola em quase dez anos.
O valor não inclui os cerca de US$ 33 milhões gastos por ano com viagens de integrantes da família real, dentro e fora do Reino Unido, e pagos pelo Departamento de Transportes do governo.
"As monarquias da Suécia, Noruega, Dinamarca, Bélgica, Holanda ou Espanha já são relativamente baratas e enxutas. Onde há mais necessidade de cortes de gastos é na monarquia britânica", disse Barker.
Depois do Reino Unido, o Japão é o país que mais gasta com a monarquia. Os cofres públicos japoneses destinaram este ano US$ 53,8 milhões para os gastos do imperador Akihito, seus familiares e a manutenção de residências imperiais.
No Japão, como na Espanha e nas monarquias escandinavas, os custos da monarquia são previstos nos orçamentos nacionais.
No Reino Unido, os repasses do Parlamento para a família real também saem do orçamento, mas a "Civil List", lista que define quanto alguns dos integrantes da família real recebem só para cumprir suas "obrigações oficiais", fixa os valores a serem repassados anualmente por uma década.
Assim, nesta década, a lista prevê um repasse total anual de US$ 13,4 milhões para os gastos oficiais da realeza britânica. Desse total, cerca de 70% são para o pagamento de salários dos funcionários que trabalham diretamente para a rainha.

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