São Paulo, domingo, 30 de novembro de 1997
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Reforma virtual

ELIANE CANTANHÊDE

Brasília - Acalmem-se, funcionários da União, Estados e municípios, porque muita água ainda vai rolar até que as reformas administrativa e da Previdência virem realidade. E que haja demissões.
Descontados Natal, Ano Novo, as folgas de janeiro, o Planalto e os líderes governistas calculam oito semanas úteis até o Carnaval -o "dead line" político da aprovação das reformas.
O pacote fiscal abre a fila de votações nesta semana, com aumento do IR apenas para as faixas mais altas e para os ganhos de capital. Se aprovado, pode vir por aí mais uma diminuiçãozinha nos juros.
Depois, é só garantir a aprovação integral das reformas da Previdência na Câmara e da Administração no Senado para fechar a fatura do governo. Fatura no bom sentido...
O PFL deu 102 votos à quebra da estabilidade na Câmara. O PSDB deu 88, e o PMDB entrou com 58. Mais o PPB e outros menos cotados, fecha-se uma conta altamente favorável ao governo. A onda está a seu favor.
O problema é que tudo isso tem efeito meramente psicológico no curto prazo. Os investidores estrangeiros e o público interno sentem firmeza. Mas os afetados garantem sua sobrevida.
Tecnicamente, os governadores não podem demitir tão cedo. Depois de modificar a Constituição, o Congresso ainda precisa votar leis complementares com critérios e limites para a demissão por excesso de quadros e por insuficiência de desempenho.
Essas leis costumam demorar meses, às vezes anos. Exigem um quórum difícil, de 50% mais um, e esses temas raramente mobilizam tanto quanto emendas constitucionais.
Politicamente, demitir agora não interessa a ninguém. Covas já cortou quem tinha para cortar em São Paulo. Marcello Alencar (RJ), Eduardo Azeredo (MG) e Tasso Jereissati (CE) admitem que demissão em época de eleição não é com eles.
Pela ordem, pacote fiscal, emendas constitucionais, leis complementares, convenções, coligações, a campanha. No fim, as eleições de outubro.
Conclusão: até o Carnaval, as reformas passam e sua execução dança. Antes de 99, nada feito.

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