São Paulo, domingo, 30 de novembro de 1997
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Medéia negra

JONI ANDERSON

Se "Medéia" tivesse mais uma chance, ela seria "Jordan", o monólogo brilhantemente interpretado pela atriz Lucimara Martins no teatro. A tragédia grega da mãe que mata os filhos para se vingar do ex-marido infiel até vem à tona na peça, mas as coincidências terminam aí. São outras as nuances na história da dramaturga inglesa Anna Reynolds, 25, condenada e depois absolvida por ter matado a mãe a machadadas. Seu texto, entretanto, fala de outra tragédia: a de Shirley Jones, com quem dividiu uma cela.
Verídica, a história comove: ela se apaixona, engravida, ele a trai, humilha e vai embora. Jones dá à luz Jordan. Para sobreviver, ela se prostitui. O marido volta com a amante, para retomar a posse do filho. Encurralada, ela mata Jordan para não separar-se dele. O final é surpreendente. E talvez próximo da realidade da família negra de periferia que convive com fantasmas como droga, sexo irresponsável, gravidez prematura e violência sem fim. É mesmo imperdível.

"Jordan": Centro Cultural São Paulo, sala Paulo Emílio, r. Vergueiro, 1.000, Paraíso, região central. Tel. 277-3611. R$ 12 e R$ 6 (estudantes).

Texto Anterior: A chegada das folhinhas
Próximo Texto: Lésbicas invisíveis
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.