São Paulo, terça-feira, 2 de dezembro de 1997 |
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Natal do crash não abala agroindústria ROBERTO DE OLIVEIRA ROBERTO DE OLIVEIRA; FÁBIO EDUARDO MURAKAWA
FÁBIO EDUARDO MURAKAWA Contrariando o pessimismo que tomou conta do país após as medidas recessivas adotadas pelo governo, a agroindústria nacional espera para este ano um Natal tão gordo quanto o de 96, quando as vendas de alimentos atingiram número recorde. A maioria das empresas consultadas pela Folha se mostrou otimista, e algumas apostam até em aumento das vendas. A Perdigão ampliará em cerca de 3% a oferta de chester nas gôndolas dos supermercados. A Sadia irá manter a mesma produção de peru, mas está aumentando em 10% a oferta de produtos como tender, pernil e lombo. Diretores dos seis maiores frigoríficos do país afirmam que, com as restrições impostas pelo governo, consumidores devem deixar de comprar bens duráveis. Com isso, vai sobrar mais dinheiro no bolso para a compra de alimentos. "Nos momentos difíceis, quando as pessoas não têm condições, por exemplo, de trocar o carro, elas tendem a compensar, consumindo alimentos mais sofisticados. Ainda mais no Natal", diz José Mayr Bonani, diretor da Sadia. Para Bonani, o fim de ano pode até surpreender, com aumento no consumo de alimentos. Antonio Ricardo Zambelli, diretor de marketing da Perdigão, partilha da expectativa de seu concorrente. "Em tempos de crise, o consumidor deixa de comprar eletrodomésticos, mas prepara uma mesa farta para as festas." Na opinião de Sergio Lazzarini, pesquisador do Pensa (Programa de Estudos dos Negócios do Sistema Agroindustrial), da Universidade de São Paulo, a agroindústria não tinha outra saída. "O planejamento de produção já estava concluído quando estourou a crise das Bolsas. Agora, não há outra alternativa, se não mandar os produtos para as gôndolas." Para Lazzarini, o consumo neste fim de ano deve cair, mas os alimentos serão menos atingidos. Preços baixos Os principais produtos da linha de aves nobres estarão sendo vendidos pelos mesmos preços que os praticados no Natal passado. "Mas o consumidor ainda poderá encontrar, se pesquisar, um preço menor", afirma Omar Assaf, presidente da Apas (Associação Paulista dos Supermercados). Segundo o diretor da Seara, Marcel Sacco, a estabilidade da moeda e a concorrência entre as empresas contribuem para a redução dos preços dos alimentos. "O consumidor não deve ter pressa para comprar. A oferta nos supermercados será abundante." Leia mais sobre o Natal do crash na pág. 5-3 Próximo Texto: Guerra do Natal será na gôndola Índice |
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