São Paulo, terça-feira, 2 de dezembro de 1997
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Ceará quer retomar a produção de algodão

PAULO MOTA
DA AGÊNCIA FOLHA, EM FORTALEZA

Depois de uma década em que praticamente zerou sua safra, o Ceará retomou a produção do algodão.
A meta do governo cearense é aumentar a área de plantio de cerca de 40 mil ha (96/97) para 65 mil ha na próxima safra.
No final da década de 70, o Ceará era o maior produtor brasileiro de algodão arbóreo e o terceiro maior produtor do algodão herbáceo, atrás apenas dos Estados de São Paulo e do Paraná.
No auge da cultura algodoeira, o produto chegou a ser responsável por 24% do PIB (Produto Interno Bruto) cearense.
A produção média do Ceará era de 100 mil t de pluma, numa área plantada de 1,3 milhão de ha.
O declínio do algodão começou em 1985, quando a praga do bicudo praticamente dizimou a lavoura. A situação foi agravada com a queda do preço do produto.
O resultado foi o aprofundamento da miséria no sertão cearense, com o crescimento do êxodo rural e o fechamento de dezenas de usinas de beneficiamento.
Como consequência, a indústria têxtil cearense, considerada a segunda maior do país, começou a importar sua matéria-prima.
A partir de 87, técnicos da Embrapa (Empresa Brasileira de Pesquisas Agropecuária) se empenharam em estudos para desenvolver um tipo de semente de algodão capaz de resistir ao bicudo e à seca.
Os testes começaram a ser feitos em 94, com a plantação experimental de mudas de um tipo de algodão resistente ao inseto.
No ano passado, o governo cearense lançou um programa de incentivo ao plantio, investindo cerca de R$ 1 milhão em treinamento de produtores, extensão agrícola e distribuição de sementes.
O gerente de Apoio às Atividades Agrícolas da Secretaria de Agricultura do Ceará, Francisco Alves de Sousa, diz que alguns produtores conseguiram produtividade de 3.000 kg/ha.
"Esse resultado foi o suficiente para romper com o ceticismo dos produtores. O algodão se mostrou viável novamente."
Sousa diz que uma parceria com bancos oficiais criou uma linha de crédito para o financiamento da produção de 98. Ele diz que o objetivo do governo é, até o ano 2000, atender à demanda da indústria têxtil cearense exclusivamente com a produção local.
Marcos Montenegro, presidente do Sindicato da Indústria de Beneficiamento de Algodão do Ceará, destaca o crescimento da área irrigada no Estado, que passou de 700 ha, em 95/96, para 4.000 ha este ano. "Em 98, o plantio irrigado pode chegar a 12 mil ha."
Ele, porém, ressalva que as facilidades para importação de algodão ainda são um grande obstáculo para o incremento da produção.

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