São Paulo, terça-feira, 2 de dezembro de 1997
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Colheita leva cearense de volta ao sertão

DA AGÊNCIA FOLHA, EM FORTALEZA

A retomada da produção do algodão está provocando o retorno de agricultores que, na década passada, deixaram o sertão cearense em busca de dias melhores em outras regiões do país.
É o caso de três irmãos do agricultor Expedito Fernandes da Silva, 38, que no mês passado voltaram de São Paulo para ajudá-lo na colheita de 6.400 kg de algodão em uma área irrigada de 2 ha.
Plantado entre julho e agosto, o algodão irrigado no Nordeste é colhido este mês.
Silva conta que sua família vive em função da cultura do algodão desde a década de 50.
Ele planta algodão em um sítio de 38 ha na comunidade de Espinheiro, em Aurora (476 km ao sul de Fortaleza).
A partir de 1985, o fracasso da cultura do algodão provocou uma desagregação da família, com os irmãos migrando para São Paulo.
Bicudo
O agricultor diz que a situação desagregou também a economia de Aurora, que era centrada na cultura algodoeira.
"Muita gente quebrou com a chegada do bicudo. Nunca vi tanta miséria nessa região. Todo dia saíam ônibus lotados de migrantes. Só fiquei mesmo porque sou muito apegado à minha terra", diz o produtor.
Silva diz que retomou a produção aos poucos.
Em 1995, ele plantou um hectare e colheu 2.500 kg.
No ano passado, dobrou a área. Em 98, planeja cultivar quatro hectares.
"Agora acredito que o algodão veio para ficar", diz ele.
Usinas
A retomada da produção já provocou a reabertura de seis usinas de beneficiamento de algodão no Ceará - duas delas, na região de Aurora.
"O produtor cearense está voltando a se empolgar com o algodão. O governo está criando condições para a recuperação do plantio da cultura no Estado", diz Marcos Montenegro, do Sindicato da Indústria de Beneficiamento de Algodão no Estado do Ceará.
A médio prazo, porém, Montenegro acha difícil que o Ceará volte a atingir a produção dos anos 70. A indústria têxtil do Estado consumiu este ano 160 mil t de algodão.

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