São Paulo, terça-feira, 2 de dezembro de 1997
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Japão passa raspando

SÉRGIO TEIXEIRA JR.

Como há quatro anos, aconteceu no último minuto, mas agora o Japão conseguiu: vai para a Copa. A classificação, porém, não foi menos traumática.
A campanha nas eliminatórias foi fraca; o técnico foi trocado na metade da fase de classificação; o time foi atacado com ovos e pedras após empatar em casa.
E havia a lembrança da "tragédia de Doha". Em 1993, os japoneses tiveram uma vaga na Copa dos EUA até os 44min do segundo tempo da última partida, quando o Iraque empatou em 2 a 2, resultado que acabou classificando a Coréia do Sul.
Tudo começou mal. Depois de uma goleada sobre o Uzbequistão (6 a 3), a campanha japonesa começou a fazer água: 0 a 0 com os Emirados Árabes; uma derrota de virada em casa para os sul-coreanos; um empate cedido para o Cazaquistão, pior time do grupo.
O jogo de 26 de outubro foi fatídico: o empate em Tóquio com os árabes garantiu a vaga dos sul-coreanos, que ficaram em primeiro lugar do grupo.
Àquela altura, os jogadores "brincavam" falando em suicídio ou exílio, diz Wagner Lopes, brasileiro que atua na seleção. Paulista de Franca, Lopes, 28, obteve a cidadania japonesa em 12 de setembro. Dez dias depois, já estava convocado.
"Se o Japão ficasse de fora, acho que o esporte iria voltar a ser amador. As coisas iriam ficar difíceis", disse ele à Folha.
A recuperação aconteceu justamente em Seul. Depois de 14 anos, o Japão conseguiu uma vitória na casa dos sul-coreanos.
Na última rodada, uma vitória sobre os cazaques deu aos japoneses o direito de lutar pela terceira vaga asiática. O adversário foi o Irã. O jogo, na Malásia.
O Japão marcou no primeiro tempo, mas, aos 13min do segundo, já tinha tomado dois gols. O empate veio aos 30min. A partida foi para prorrogação em morte súbita (quem marca vence).
O "gol do título", nas palavras de Lopes, saiu dos pés do reserva Masayuki Okano, que jamais havia jogado pela seleção nas eliminatórias e que era mais conhecido por sua velocidade que por seu futebol.
"Deu um branco, não conseguia enxergar nada de tanta emoção. Agora, torço para que a gente caia no grupo do Brasil. Aí, posso encerrar minha carreira."
(STJr.)

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