São Paulo, terça-feira, 2 de dezembro de 1997
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Roteiro diário de Pitta inclui faces da crise

MAURÍCIO RUDNER HUERTAS
RENATO KRAUZ

MAURÍCIO RUDNER HUERTAS; RENATO KRAUZ
DA REPORTAGEM LOCAL

Prefeito de São Paulo tem panorama diário dos problemas da cidade no caminho ao Palácio das Indústrias

Em um trajeto de menos de 15 minutos de seu prédio na alameda Franca, no Jardim Paulista (zona sudoeste de SP), até a sede da prefeitura, no parque D. Pedro (região central), o prefeito Celso Pitta tem um panorama diário dos problemas da cidade.
Obras paradas, lixo nas ruas e o reflexo direto da falta de investimentos na área social, com o aumento de moradores de rua, compõe o cenário visto por Pitta.
Há cartazes de propaganda nos postes da rua onde mora e uma série de caçambas de entulho espalhadas nas proximidades -duas práticas irregulares, mas toleradas pela administração municipal.
A 200 metros do prédio do prefeito, na alameda Casa Branca, aparecem os primeiros vendedores ambulantes -que nem percebem a sua rápida passagem.
"O prefeito disse que no Natal não vai mexer com a gente", disse a ambulante Jane Rocha, que vende cigarros e bolachas em frente ao parque Trianon.
Pitta cruza a primeira de suas obras prometidas que prossegue em ritmo lento -a construção de uma garagem subterrânea na praça Alexandre de Gusmão.
Na praça 14 Bis, Pitta passa por uma família morando sob a passarela. Do lado oposto, um bueiro entupido deixa parte da rua Dr. Plínio Barreto alagada e atrapalha o já complicado trânsito local.
Na rua Manoel Dutra, o prefeito atravessa montes de lixo na altura dos números 575, 435 e 319. O problema se repete na alça de entrada da ligação leste-oeste, onde dois colchões velhos se misturam com o entulho jogado nas calçadas.
Já no parque D. Pedro, Pitta passa por vendedores ambulantes nos semáforos e chega à prefeitura. Em frente, mais mendigos.
Também o lixo deixado pelas empresas atacadistas da zona cerealista fazem parte da paisagem diária do prefeito -vista inclusive das janelas do Palácio das Indústrias, a sede da prefeitura.
Focos da crise
Além do caminho que Pitta faz diariamente de casa para o trabalho, sua agenda é repleta de eventos externos. Até o final do ano há várias inaugurações de obras iniciadas na gestão de Paulo Maluf (1993-96), que deixou a seu sucessor a incumbência de quitar dívidas e inaugurar obras.
Ontem, por exemplo, Pitta inaugurou em São Mateus (zona leste) uma das três escolas infantis deixadas semiprontas por Maluf.
Ao sair da prefeitura, Pitta passa mais uma vez em frente ao Mercado Municipal e presencia o caos de caminhões descarregando mercadorias, carros parados em locais proibidos, bueiros entupidos e muito lixo espalhado nas ruas, calçadas e canteiros.
Pela Radial Leste, a mais de 100 km/h, o prefeito vê outra obra parada, o piscinão Aricanduva. No local, o único movimento há dois meses, segundo os moradores, é o crescimento do volume de entulho.
Emparelhado com o carro do prefeito, um caminhão solta fumaça preta em sua janela no trecho em que há mais problemas.
Além do mato alto em todas as avenidas até São Mateus, Pitta enfrenta os buracos na pista.
Na avenida Margarida Maria Alves, há problemas como um um lixão invadindo a pista e uma favela instalada em área de risco.
Pitta passa ainda ao redor do Parque do Carmo, outra área municipal abandonada.
"Com a crise, é preciso administrar as prioridades", diz Pitta. "E as minhas são saúde e educação."

Texto Anterior: Empresa quer estacionamento para caminhões
Próximo Texto: Os problemas da cidade que Pitta viu ontem
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.