São Paulo, terça-feira, 2 de dezembro de 1997
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Moradores da zona sul são os mais afetados por paralisação

DA REPORTAGEM LOCAL

Os moradores dos bairros mais distantes das zonas sul e sudoeste, como Parelheiros e Jardim Ângela, foram os mais prejudicados pela paralisação dos motoristas de ônibus, ontem. Algumas pessoas levaram até quatro horas para chegar em casa.
É o caso do autônomo Claudio da Silva, 48, que aguardava um ônibus na praça Susana Rodrigues, para onde foram encaminhados os passageiros que normalmente embarcam no terminal Santo Amaro.
Às 19h, ele ainda não havia conseguido embarcar para Parelheiros, onde mora. "Por que não pegam um ônibus de outra linha e põem para fazer o trajeto para Parelheiros? Desde que eu cheguei, às 15h, não saiu nenhum ônibus para lá. É um absurdo."
Segundo Silva, somente a empresa São Camilo, uma das que pararam completamente ontem, opera linhas para o bairro.
A falta de informação e orientação foi o maior problema para os usuários. Normalmente, o terminal Santo Amaro funciona como ponto de baldeação gratuita. À tarde, o fluxo maior é de passageiros que vêm do centro e pegam outro ônibus com destino ao bairro onde moram sem pagar duas passagens.
Ontem, porém, com o terminal fechado, os passageiros não sabiam que rumo tomar, e acabavam indo para a praça Susana Rodrigues, distante 300 metros do terminal. Ali, cerca de 800 pessoas se acumulavam, disputando as poucas vagas existentes nos ônibus que já chegavam lotados.
Até as lotações passavam por ali sem vagas. Para evitar tumultos, 12 PMs do policiamento ostensivo organizaram o trânsito. Alguns operavam os cruzamentos com colete à prova de balas.
Tiros
O trânsito agravou-se ainda mais por volta das 19h15, quando um rapaz foi baleado na perna dentro de um ônibus que seguia para o Parque Cocaia. O tiro foi disparado por um homem fora do ônibus, na rua Barão do Rio Branco.
Segundo testemunhas, o homem teria atirado sem motivo aparente e deixado o local sorrindo. O homem não foi detido.
Três carros de polícia chegaram em poucos minutos no local, fechando parte da rua, onde o ônibus atingido pela bala já atrapalhava a passagem dos carros. Todos os passageiros do ônibus foram obrigados a descer.
"Assim não dá. Eu já esperei tanto para aparecer meu ônibus, e agora tenho que descer. Vou chegar em casa às 23h", disse Joviniano Antonio Ferreira.

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