São Paulo, terça-feira, 2 de dezembro de 1997
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Conta será paga pelo próximo presidente coreano

OSCAR PILAGALLO
EDITOR DE DINHEIRO

A maior dificuldade do acordo da Coréia do Sul com o FMI é que ele não será cumprido por seu principal signatário.
O presidente Kim Young Sam só tem mais três meses pela frente e a maior parte desse período será de transição. A eleição está marcada para o próximo dia 18.
Ninguém tem dúvida que, se não há outro caminho a não ser recorrer ao FMI, o resultado desse acordo que está para ser assinado significará recessão.
Para um país que nas últimas três décadas cresceu à taxa anual de 8,6%, a expansão de 6% prevista pelo governo para 1998 é fraca. E a projeção oficial é considerada irrealista; não se acredita em nada superior a 2,5%.
A conta do acordo, que será paga pelo próximo presidente, deveria incluir aumento de impostos e demissões de funcionários. Mas, na avaliação da revista "The Economist", nenhum dos candidatos tem um plano coerente para enfrentar a crise.
Kim Dae Jung, o candidato que lidera nas pesquisas, é um liberal com passado social-democrata. Diz apoiar o acordo com o FMI, mas não adianta como implementará as reformas.
Ele tem o apoio dos sindicatos e, se eleito, irá decepcioná-los, ou tentar reformular o acordo.
O outro candidato com grande chance, Lee Hoi Chang, tem a seu favor o fato de contar com o apoio de um prefeito de Seul, Cho Soon, que provavelmente seria ministro das Finanças, com o apoio do mercado.
Duvida-se, no entanto, que ele deixaria de socorrer os conglomerados coreanos em dificuldades, como recomendaria o FMI.
Se as metas do FMI às vezes não são cumpridas nem por governos que assumiram o compromisso, é de se imaginar que serão ainda menos atingíveis em casos de administrações que recebam o pacote pronto.

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