São Paulo, terça-feira, 2 de dezembro de 1997 |
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Ásia 'saiu de moda', diz Camdessus Modelo estaria ultrapassado DAS AGÊNCIAS INTERNACIONAIS O diretor do Fundo Monetário Internacional (FMI), Michel Camdessus, afirmou que o modelo econômico asiático "saiu de moda".Camdessus disse ainda que o FMI não quer ser o "banqueiro de último recurso, a quem todos pedem ajuda se há um problema". As declarações foram publicadas ontem pelo jornal espanhol "El País". Segundo o diretor do FMI, os modelos econômicos não são eternos. "Há momentos em que servem e outros em que, com a evolução do mundo, saem de moda e devem ser abandonados." Para Camdessus, os governos asiáticos devem trocar o atual modelo por outro, "mais transparente, em que o Estado não dê ordens aos bancos sobre a maneira de outorgar crédito". O novo sistema deve, segundo ele, "ser mais aberto a todos". O diretor disse que os países deveriam adotar "certa flexibilidade". Camdessus afirmou não acreditar que a crise financeira nos países asiáticos aumente o desemprego na região. Camdessus disse que o FMI não quer dar garantia de que, se um país precisar de ajuda, terá financiamento. Ele afirmou que a ajuda a um país só será possível "se nos parecer que as medidas que (o país) toma são adequadas". Segundo ele, esta é a razão da demora nas negociações com a Coréia do Sul. "Os coreanos sabem que, se não cruzam o umbral da credibilidade, não podemos ajudá-los", acrescentou. Camdessus disse que, em troca da ajuda, o FMI pede aos países, entre outras medidas, equilíbrio orçamentário, política monetária e abertura da economia. Ao se referir à Indonésia -que recorreu ao Fundo recentemente-, ele disse que o FMI também pede medidas para pôr fim aos monopólios. O FMI também solicita, segundo ele, que "sejam fechados os bancos que já não merecem esse nome porque são unicamente máquinas para distribuir créditos aos amigos à custa do governo". Camdessus também fez comentários sobre o Japão. Segundo ele, as autoridades japonesas apresentam agora "grande empenho em acelerar a reestruturação de seu sistema financeiro". Camdessus estava ontem em Kuala Lumpur, capital da Malásia, onde ocorre o encontro de ministros das Finanças de países que integram a Associação de Nações do Sudeste Asiático (Asean). Após se reunir com o primeiro-ministro da Malásia, Mahathir Mohamad, ele disse que o país não seria o próximo a pedir ajuda ao FMI. Camdessus afirmou que deu "conselhos amigáveis" ao premiê, que havia declarado recentemente que não podia assegurar que a Malásia não precisaria de socorro financeiro. "Espero que eles não precisem; eu não estou correndo atrás de clientes", disse o diretor do FMI. Texto Anterior: País perde US$ 4 bi no mês de novembro Próximo Texto: Asiáticos propõem criar crédito complementar Índice |
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