São Paulo, terça-feira, 2 de dezembro de 1997
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Fogo de palha

MELCHIADES FILHO

Muitos técnicos da NBA dizem hoje se inspirar no estilo ofensivista de Doug Moe, considerado o melhor desenhista de contra-ataques da história da liga norte-americana.
Foi ele quem liderou, do banco, o Denver na partida de maior placar da NBA (184 x 186, diante do Detroit, após três prorrogações, em 83/84).
Sua estratégia era simples: botar o time para correr, acionar o melhor arremessador, posicionar-se para rebotes longos.
O show de pontos podia até fazer a alegria dos torcedores. Mas só nos jogos sem importância. Na hora do vamos ver, o ataque total nunca bastava.
Em partidas da fase classificatória, Moe registrou ao longo de 15 anos na NBA um aproveitamento de 54% de vitórias.
Porém nos playoffs, fase de mata-mata, eliminatória, seu índice despencou para 39%.
Obcecado pela cesta, Doug Moe nunca ganhou um título entre os profissionais.
A realidade é diferente, você pode lembrar, e eu sei.
Mas o caso da NBA me veio à cabeça tão logo uma onda de euforia se apossou do Paulista-97 porque Oscar Schmidt, 39, começou a bater sucessivamente recordes de pontos.
O auge do oba-oba veio da quinta, quando ele anotou 74 pontos contra o Corinthians.
Não quero aqui tirar os méritos do poderoso cestinha, talvez a pessoa que mais fez até hoje pelo basquete nacional.
Nem desestimular a curiosidade tática do técnico Marcel, ou o arrojo do patrocinador da equipe de Barueri.
Mas os 74 pontos foram marcados em uma derrota, e em casa! (Perdão pela exclamação; a primeira da história da coluna). O jogo terminou 136 x 145.
Para quem vê o basquete de um prisma competitivo, isso é uma piada. Ok, é ótimo dar risadas. Mas não engasgue, pois o título estadual, afinal o que interessa, deve ficar mesmo no nordeste de SP, com Polti-COC ou Marathon/Franca.

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