São Paulo, terça-feira, 2 de dezembro de 1997
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"Jóia Rara" mostra arte feita para usar

BRUNA MONTEIRO DE BARROS
DA REDAÇÃO

Encerrando o calendário de 97, o Galpão de Design inaugura hoje a exposição "Jóia Rara", que traz trabalhos de quatro artistas.
Clô Orozco, Fátima Valladares, Marcia Ghiraldelli e Marina Sheetikoff mostram peças da joalheria contemporânea, que, apesar do tratamento de obra de arte, as quatro alertam: são feitas para usar.
Clô, que avisa não ter qualquer formação em artes, é empresária de moda -possui a grife Huis Clô há 20 anos- e expõe pulseiras e anéis de resina.
Suas peças começaram a surgir quando ela e sua assistente Paula Marques se enveredaram nessa aventura procurando criar peças de "bijoux" que se integrassem às coleções da loja.
"Hoje, a maioria dos fashion designers mantém sua linha de bijoux", conta Clô. "As minhas são produzidas em cima do meu desejo pessoal."
Há peças de resina fosca e brilhantes, que "enganam", podendo ser confundidas com osso ou pedra. Além disso, Clô mostra algumas peças de prata -material que começou a utilizar mais tarde-, com detalhes de cobre.
"Como estou no começo do trabalho, ainda estou experimentando os materiais", diz.
Já Fátima Valladares mostra na exposição colares que são frutos do aproveitamento de materiais, como tecidos tingidos, aviamentos e ferragens.
"Trabalho com o que tenho disponível dentro dos meus recursos, com o que está perto de mim", conta essa arquiteta que se dedica ao design de jóias e à arte de vestir há 11 anos.
Fátima apresenta trabalhos como "Canto da Sereia", já exposto na Dinamarca e em Portugal, "Rabo Preso", iniciado em 91 e finalizado em 96, e "Maria Bonita", que leva esse nome por parecer com os cinturões de bala usados a tiracolo pelo cangaceiros.
"Meu trabalho é feito para vestir", lembra a artista. "É para trazer embelezamento e conforto."
A também arquiteta Marcia Ghiraldelli, que trabalha com design de móveis e luminárias, se aventura no universo das jóias desde que sentiu necessidade de usar coisas as quais não tinha acesso.
"Na verdade, acho uma irreverência minha tratar esse trabalho como joalheria", diz. "Meu processo não é muito detalhado, rabisco e tento usar o material."
O resultado são brincos, colares e anéis de ouro, ouro branco, prata, cobre e estanho executados sem fundição. No detalhe, sementes, pedaços de madeira e osso.
Algumas peças não têm uma função específica, sendo transformadas em peso de papel, por exemplo. "Não me desperta fazer escultura, encontro a peça que me induz a um caminho. A partir daí, ela pode até criar uma função."
Marina Sheetikoff -arquiteta- voltou da Europa, onde trabalhou com cenografia e publicidade, e passou a dedicar-se a um trabalho de pequena escala, para poder ficar em casa com a filha.
Nessa mostra, Marina expõe cerca de 20 peças de prata. As tiaras ganham um toque de coroa, proporcionando a quem usa uma certa sensação de realeza.
Os colares trazem uma inovação: frases criadas em parceria com a escritora Fernanda Young. São coisas como : "Mulher Maravilha", "É Hoje" e "Doce Delírio".
"Acho que a forma é simples, até um pouco minimalista", diz a artista, que já coroou cabeças como as da cantora Fernanda Abreu -no disco "Raio X"- e da atriz Andréa Beltrão -no comercial do sabonete Lux Luxo.

Exposição: Jóia Rara
Artistas: Clô Orozco, Fátima Valladares, Marcia Ghiraldelli e Marina Sheetikoff Vernissage: hoje, às 19h
Quando: seg. a sex., das 10h às 19h, e sáb., das 10h às 14h; até 22 de dezembro Onde: Galpão de Design (r. Aspicuelta, 145, tel. 814-3393)

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