São Paulo, quarta-feira, 3 de dezembro de 1997
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Sindicato não aceita redução de salários

SL
DA REPORTAGEM LOCAL

O presidente do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, Luiz Marinho, disse que os dirigentes sindicais não aceitam a redução de salários proposta pela Volkswagen.
O sindicalista disse, no entanto, que a proposta será submetida hoje aos funcionários da empresa, que darão a palavra final.
O sindicato fará três assembléias hoje, no início de cada turno de trabalho, para discutir a proposta com os trabalhadores.
Nas assembléias de hoje, o sindicato pretende defender a proposta de aprofundamento do banco de horas que vigora na montadora.
Hoje a jornada de trabalho na Volks é de 42 horas semanais, podendo ser reduzida para 36 horas ou elevadas para 44 horas de acordo com as necessidades de produção.
O sindicato vai propor que, durante o período em que a Volks for obrigada a diminuir a produção, a jornada seja reduzida abaixo de 36 horas por semana.
Em compensação, quando a montadora retomasse o ritmo de fabricação, os metalúrgicos trabalhariam mais de 44 horas semanais sem que a empresa tivesse que pagar horas extras. Pela proposta dos metalúrgicos, não haveria redução de salários.
Segundo Marinho, caso os trabalhadores aceitem reduzir seus salários estarão contribuindo para potencializar a recessão.
"Não fomos nós que criamos esses problemas e não podemos pagar sozinhos os custos do pacote", disse.
Além disso, disse o sindicalista, a Volks tem que desempenhar seu papel social e contribuir para a recuperação da economia.
O diretor de Recursos Humanos da Volkswagen, Fernando Perez, afirmou, no entanto, que a ampliação do banco de horas não seria suficiente para impedir demissões na empresa.
"Esse mecanismo não funciona em momentos de crise como esse", disse o diretor.
Malandragem
Outro argumento usado pelos sindicalistas para rejeitar a proposta é que a Volkswagen estaria se aproveitando das medidas do governo para antecipar um corte que já estava programado.
"A Volks está 'malandramente' tentando aproveitar da situação para iniciar seu processo de reestruturação", disse Marinho.
Segundo ele, o sindicato foi procurado pela empresa antes da crise para negociar o processo de reestruturação da fábrica de São Bernardo do Campo.
Inaugurada em 1957, ainda no governo do presidente Juscelino Kubistcheck, a unidade de São Bernardo do Campo teria índices de produtividade menores do que os de fábricas concorrentes.
Segundo cálculo do sindicato, a média de produção da unidade de São Bernardo é de 20 carros por ano por trabalhador, contra um índice de 23 carros por trabalhador na Ford e na Fiat.
Câmara setorial
Além do aprofundamento do banco de horas, os metalúrgicos pretendem propor a retomada da câmara setorial no setor.
Criada no início do governo Collor, a câmara reunia representantes do governo, da cadeia produtiva e dos trabalhadores para discutir soluções conjuntas para o setor.

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