São Paulo, quarta-feira, 3 de dezembro de 1997
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O FMI E O MODELO ASIÁTICO

A crise das instituições de poupança e empréstimo nos Estados Unidos, no final dos anos 80, significou o fim do modelo econômico norte-americano? Os colapsos de várias moedas européias, assim como a quebra de bancos do porte de um Barings, condenaram à morte o projeto de integração econômica européia?
A resposta a essas perguntas é um óbvio não. Entretanto, o diretor-gerente do Fundo Monetário Internacional, Michel Camdessus, decretou "o fim do modelo asiático" com a crise na região.
Deveria ser evidente que não há nas crises financeiras e cambiais da Ásia algo tão diferente de crises análogas que volta e meia abalam outras economias, industrializadas ou não.
Curiosamente, a instituição "irmã" do FMI, o Banco Mundial, até poucos anos atrás tentava entender as peculiaridades dos "tigres" e publicou um alentado tratado intitulado "Milagre no Leste Asiático".
Os tecnoburocratas globais, ao que parece, estão sendo vítimas da mesma ciclotimia que afeta os mercados de capitais, ora entoando panegíricos totalmente ilusórios, ora prostrando-se no mais cego ceticismo.
Como as economias exibem normalmente comportamentos cíclicos, tais análises (assim como as apostas financeiras a que são associadas) exageram para cima e para baixo.
Isso faz parte da psicologia dos mercados. Foi assim com o México em 94, com os países endividados nos 80 e, agora, com a Ásia.
O diretor-gerente do FMI daria uma contribuição maior ao desenvolvimento econômico não apenas ampliando a real capacidade de o órgão ser um credor de última instância, mas lutando por políticas que tornassem os surtos financeiros globais menos violentos e frequentes.
Cabe recordar que alguns episódios, como a bolha das instituições de poupança nos EUA, resultaram da confiança excessiva nas virtudes da desregulamentação financeira.
Ao menos por enquanto, Camdessus recusa-se a fazer essa reflexão.

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