São Paulo, quarta-feira, 3 de dezembro de 1997
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Os profissionais

CLÓVIS ROSSI

Londres - Goste-se ou não da equipe econômica, é preciso admitir que são profissionais. A exposição que dois de seus membros fizeram ontem na City londrina, acoplada à fala do presidente Fernando Henrique Cardoso, foi uma bela demonstração.
Descontados alguns erros no inglês dos diapositivos exibidos pelo presidente do BNDES, Luiz Carlos Mendonça de Barros, o show soava convincente. Parece claro que, como repete sempre FHC, o Brasil "tem rumo" (se o rumo é certo ou não, é outra história, que fica para o parágrafo final).
Tanto Mendonça de Barros como Gustavo Franco, presidente do Banco Central, dominam à perfeição o idioma da globalização, o inglês, e também o jargão do economês. Ficam, por isso, à vontade em qualquer auditório.
Têm, ademais, uma história para vender, para não falar de um tremendo mercado como o é o Brasil, apesar de todas as suas misérias. É a história da famosa aposta na transição de uma economia fechada e estatizada para o liberalismo.
Mendonça de Barros diz que a proteção e o estatismo geraram gigantes flácidos, que, submetidos à concorrência, murcharam. Impressionantes 20% da capacidade de produção brasileira "tiveram que virar sucata", diz o presidente do BNDES.
A história que eles têm a contar fecha com a previsão de que a transição termina lá pelo fim de 98, começo de 99. Aí, as importações que hoje geram um perigoso buraco externo virarão exportações, e todos seremos felizes para sempre.
Claro que compra quem quer a aposta de FHC e seu pessoal.
De minha parte, fico com o Financial Times no texto de capa de seu dossiê sobre o Brasil, publicado ontem: "Somente a inflação baixa não permitirá ao Brasil realizar seu enorme potencial. Suas elevadas ambições políticas e econômicas continuarão a se frustrarem a menos que haja considerável progresso em resolver seus enormes problemas sociais".

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