São Paulo, quinta-feira, 4 de dezembro de 1997
Próximo Texto | Índice

Estado de SP pode perder 18% de leitos

LUCIA MARTINS
DA REPORTAGEM LOCAL

A rede de Saúde do Estado de São Paulo pode ficar com menos 18% de seus leitos conveniados a partir do dia 28 de fevereiro.
Esse é o dia que vence o prazo de rescisão de contrato de 62 hospitais que iniciaram o processo de descredenciamento do Sistema Único de Saúde (SUS) no último dia 27 e confirmaram a decisão ontem, após reunião com o secretário da Saúde, José da Silva Guedes.
"A reunião foi muito cordial, mas não resolveu muita coisa", afirmou Dante Montagnana, presidente do Sindhosp, sindicato dos hospitais de São Paulo que está comandando o descredenciamento.
A reivindicação aceita foi o pagamento de cerca de R$ 8 milhões referentes ao custo de cerca de 42 mil internações já realizadas pelos hospitais, mas com a remuneração bloqueada pelo SUS.
Os outros dois pedidos (reajuste na tabela do SUS de 46,4% e pagamento dos abonos atrasados do ano passado) foram encaminhados pelo secretário ao ministro Carlos Albuquerque (Saúde).
No fim da reunião de ontem com o secretário, Montagnana afirmou que não só vai manter o descredenciamento, mas também vai ampliar o movimento. "Já estou recebendo telefonemas de outras santas casas interessadas em se descredenciarem."
Outro grupo que também ameaça promover um descredenciamento "em massa" é a Federação das Santas Casas e Hospitais Filantrópicos, que reúne 362 hospitais e 65% dos leitos.
"Vamos esperar alguns meses. Se nossas reivindicações não forem aceitas, faremos uma assembléia para discutir o descredenciamento", afirmou o presidente José Alberto Monteclaro César, que também participou da reunião com o secretário.
Se o descredenciamento dos 62 hospitais for colocado em prática, será a primeira vez que uma unidade conveniada do Estado toma uma medida tão radical contra os atrasos e não-pagamentos dos serviços contratados pelo SUS.
Hoje, o governo deve cerca de R$ 150 milhões aos hospitais conveniados de São Paulo. Uma parte dessa dívida é consequência do não-pagamento dos abonos de 25% dos três meses finais de 96, e o restante são internações não-reembolsadas.
Segundo Montagnana, 20% das internações feitas pelos conveniados ultrapassam o teto estipulado pelo SUS e não são pagas.

LEIA MAIS sobre a crise da saúde no Estado à página 3-2

Próximo Texto: 'Quem não faz escândalo, não existe'
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.