São Paulo, quinta-feira, 4 de dezembro de 1997
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Cai taxa de presos com HIV no Rio

7% dos detentos têm vírus, contra 13% em 89

MÁRIO MOREIRA
DA SUCURSAL DO RIO

Cerca de 7% dos 14 mil presidiários do Estado do Rio estão infectados pelo vírus HIV, causador da Aids.
O resultado, apurado em pesquisa feita no segundo semestre em todas as 28 unidades penais do Desipe (Departamento do Sistema Penitenciário), é inferior ao verificado na pesquisa anterior sobre o tema, de 1989. Naquela ocasião, 13% dos presos do Rio eram soropositivos.
Segundo o superintendente de Saúde da Secretaria Estadual da Justiça, Edison Biondi, o percentual exato de incidência da doença na pesquisa deste ano, ainda sujeito a tabulação final, será de 7,1% ou 7,2%.
Isso significa que existem hoje aproximadamente mil portadores do HIV entre os presidiários do Estado. O resultado da pesquisa será apresentado oficialmente no 1º Simpósio Nacional de Aids em Prisões, nos dias 9 e 10, no Rio.
Biondi afirmou à Folha que esperava um resultado semelhante ao da pesquisa anterior. "O índice em torno de 7% já é uma luz no fim do túnel."
A pesquisa foi feita pelo método de amostragem. Em cada unidade penal, foi retirada uma amostra representativa do conjunto de presos. Esses detentos assistiram a palestras sobre Aids e foram convidados a fazer o teste para saber se estavam contaminados.
Segundo Biondi, 80% deles concordaram em se submeter ao teste, o que garantiu a representatividade das amostras em relação ao universo total pesquisado.
Medo
Um aspecto que tem barrado o avanço da Aids nos presídios, segundo Biondi, é o convívio dos detentos com presos aidéticos.
"Acho que eles ficam com medo mesmo, porque convivem, num sistema fechado, com companheiros abatidos pela Aids. O portador do vírus está ao lado. Não é como aqui fora, onde as pessoas acham que a Aids está muito longe delas."
Para o superintendente, o resultado da pesquisa também revela o acerto da estratégia do Desipe no combate à doença.
Atualmente, todos os presos assistem a pelo menos duas palestras logo que ingressam no sistema penitenciário: primeiro, no presídio Ary Franco, em Água Santa (zona norte), para onde são encaminhados inicialmente, depois, na penitenciária Milton Dias Moreira, no Catumbi (centro), segundo estágio dentro do sistema.
Além disso, os detentos recebem preservativos e têm acesso a cartilhas e vídeos explicativos sobre as formas de infecção pelo HIV e os métodos de prevenção. Para tratar exclusivamente de presos aidéticos, o Desipe dispõe do Hospital Penal de Niterói, com capacidade para 28 enfermos. Lá, os presos têm acesso ao coquetel de medicamentos contra a Aids.

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