São Paulo, quinta-feira, 4 de dezembro de 1997
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Lei 'global' é defendida por montadoras

Norma uniformizada pode reduzir acidentes

MARCOS PIVETA
ENVIADO ESPECIAL A WASHINGTON

Representantes de montadoras de veículos defenderam a necessidade de uniformizar a legislação de segurança de carros em todos os países do mundo.
Se isso for feito, disseram, será mais fácil e mais barato produzir e introduzir novas tecnologias que aumentem a segurança dos carros em todos os mercados do globo. A idéia foi defendida durante o segundo e último dia da Terceira Conferência Anual em Transportes, Segurança de Trânsito e Saúde, evento promovido em Washington pelo Instituto Karolinska (Suécia), OMS (Organização Mundial da Saúde), Volvo e o Departamento de Transportes dos EUA.
"As pessoas (do ponto de vista biológico) são iguais em todo o mundo", disse Arne Wittõv, vice-presidente executivo da Volvo. "A existência de diferentes normas de segurança dificulta a difusão de novas tecnologias."
O presidente da Associação Americana de Fabricantes de Veículos (a Anfavea dos EUA, reunindo Ford, General Motors e Chrysler), Andrew Card Jr., também se mostrou favorável à uniformização em nível mundial da legislação de segurança. "Às vezes, temos de fazer modificações em carros americanos para atender à legislação européia. Isso encarece o produto e acabamos não sabendo qual legislação é efetivamente mais segura."
Para Helen Petrauskas, vice-presidente da área ambiental e de segurança da Ford, a existência de diferentes normas de segurança contribui para dificultar em termos globais a luta contra acidentes de trânsito.
Card Jr. disse que um dos fatores que tornam a frota americana de carros uma das mais seguras do mundo é o fato de ser composta basicamente por veículos grandes e pesados, capazes de resistir a alguns tipos de batidas.
Embora admita que os graus de segurança e conservação dos veículos e das estradas sejam fatores relevantes, Card Jr. disse que o comportamento do motorista ao volante ainda é o principal elemento desencadeador de colisões no trânsito.
Alguns especialistas em transportes querem banir o termo "acidente de carro" e substituí-lo por "batida ou colisão de carro".
Eles acreditam que o uso da palavra acidente dá a entender que as ocorrências de trânsito envolvendo colisões de carros são um evento imprevisível, que não poderia ser evitado pelo motorista.
A jornalista Lisa Stark, especialista em transportes da rede americana de televisão ABC, afirmou que a troca de termos teria pouco efeito prático. "A segurança no trânsito não é uma questão de semântica."

O jornalista Marcos Pivetta viajou a Washington a convite da Volvo

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