São Paulo, quinta-feira, 4 de dezembro de 1997
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Cúpula sobre o clima tem esboço de acordo

RICARDO BONALUME NETO
ENVIADO ESPECIAL A KYOTO

O terceiro dia da conferência sobre o clima, em Kyoto (Japão), terminou com o esboço de um primeiro acordo. Raúl Estrada-Oyuela, dirigente da cúpula, afirmou que se desenhava um consenso no sentido de limitar as discussões a três gases-estufa.
O argentino Estrada, presidente das sessões de negociação, afirmou que a tendência é que sejam abordadas apenas as emissões dos gases-estufa que ocorrem na natureza, entre eles o dióxido de carbono (CO2), o principal causador do efeito estufa.
Os EUA, apontados como o maior contribuidor individual para o aquecimento global, receberam a declaração com frieza. O país defende que, em Kyoto, sejam abordados os seis gases-estufa listados. Além dos naturais, o país quer discutir as emissões dos gases sintéticos, com maior potencial nocivo, mas que, por enquanto, apresentam pequena participação no efeito estufa.
O argentino, assim como a União Européia, o Japão e outros países, deseja que as discussões sobre os gases sintéticos sejam adiadas para a próxima conferência sobre o clima, prevista para 1998.
"O adiamento implica a necessidade de uma segunda rodada de negociações", disse Melinda Kimblem, secretária-assistente do Departamento de Estado dos EUA.
Desde segunda-feira, mais de 160 países tentam chegar a um acordo para limitar a emissão de gases responsáveis pelo efeito estufa -os gases aumentam a retenção da radiação solar, aquecendo o planeta.
Um consenso final, porém, ainda pressupõe a discussão das várias e divergentes propostas apresentadas em Kyoto.
Entre as principais: os EUA defendem a manutenção dos níveis de emissão de 1990 para o ano 2010; a Europa quer a redução em 15% dos níveis de 1990 para 2010.
O Brasil também apresentou seu projeto. O governo brasileiro deseja que países desenvolvidos paguem por projetos para controle de emissão de gases em países em desenvolvimento.
O Japão parece ter sido o primeiro país a concordar com a proposta do Brasil. Ontem, membros da comitiva japonesa anunciaram um programa de empréstimos a baixas taxas de juros para o combate ao efeito estufa em países em desenvolvimento.
A delegação brasileira também defende que os compromissos de redução de emissões deveriam ser baseados nas responsabilidades históricas de produção desses gases -algo que os americanos têm dificuldade em engolir, pois querem que todos os países assumam compromissos sobre emissões.

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