São Paulo, sexta-feira, 5 de dezembro de 1997
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País quer aproximação com G-7

CLÓVIS ROSSI
DO ENVIADO ESPECIAL

O governo brasileiro está negociando algum tipo de interlocução mais direta com o G-7, o grupo dos sete países mais ricos do mundo (EUA, Japão, Alemanha, França, Reino Unido, Itália e Canadá).
É uma aproximação cautelosa, que o Itamaraty trata até com pudor, talvez por medo de parecer excessiva presunção de um país que, embora enorme e com uma economia que está entre as dez maiores, ainda é rotulado como em desenvolvimento.
O partidário mais entusiasmado dessa aproximação é o presidente francês Jacques Chirac, que conversou sobre o assunto com Fernando Henrique Cardoso, na semana passada, quando se encontraram na Guiana Francesa.
Mas a idéia de Chirac não agrada à diplomacia brasileira. Ele gostaria que a interlocução se desse por meio do G-15, um clube de 15 países em desenvolvimento de que o Brasil faz parte.
Até agora, a interlocução é quase unilateral: nos três últimos anos, FHC enviou cartas a cada um dos presidentes de turno do G-7 (o canadense Jean Chrétien, em 95, o próprio Chirac, no ano seguinte, e Bill Clinton, este ano).
O eixo das cartas era a necessidade de regras para a movimentação de capitais internacionais, preocupação de FHC desde a posse (que, de resto, coincidiu com a crise mexicana de 94/95).
Ontem, o presidente brasileiro mencionou as cartas na conversa com Tony Blair, mas num contexto mais atual ainda, dado que a crise asiática foi, em boa medida, causada pela volatilidade dos capitais internacionais.
O G-7 trata do tema desde 95, mas as medidas decorrentes dessas discussões são consideradas tímidas pelo presidente brasileiro. Além disso, como a volatilidade afeta mais os países em desenvolvimento (que estão à margem do G-7), FHC acha que o âmbito da discussão deve ser ampliado.
Como Blair assumirá a presidência do G-7 em 98, era o momento de tratar do assunto. Ainda mais que o Brasil assume, também em 1º de janeiro, um lugar no Conselho de Segurança da ONU.
Já houve consultas para que o Brasil, a partir dessa nova posição (que durará dois anos), participe de um mecanismo de consulta mais frequente e direto com os cinco membros permanentes do Conselho (EUA, Reino Unido, França, Rússia e China).
Esse mecanismo facilita a interlocução com o G-7.
(CR)

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