São Paulo, sexta-feira, 5 de dezembro de 1997
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PAS tem estrutura só para 1/3 dos pacientes

RENATO KRAUSZ
DA REPORTAGEM LOCAL

A capacidade de atendimento do PAS (Plano de Atendimento à Saúde) equivale, em média, a um terço do número de pessoas que a prefeitura de São Paulo se predispõe a atender pelo plano.
A conclusão faz parte de uma pesquisa coordenada pelos médicos Paulo Eduardo Elias e Amélia Cohn, ambos professores do Departamento de Medicina Preventiva da Faculdade de Medicina da USP e pesquisadores do Cedec (Centro de Estudos de Cultura Contemporânea), onde a pesquisa será apresentada hoje.
Para chegar a esse número, a pesquisa levantou a média mensal de atendimentos ambulatoriais do PAS, no período de janeiro a setembro de 96, e o número de leitos de hospitais gerais disponíveis em cada um dos 14 módulos do plano.
Ao tomar por base os parâmetros da OMS (Organização Mundial da Saúde), que recomendam quatro leitos para cada 1.000 habitantes e 2,5 consultas médicas por habitante por ano, Elias e Amélia concluíram que a estrutura do PAS só tem capacidade para atender cerca de um terço da PPC (População Potencialmente Cadastrável).
"A capacidade é menor do que a demanda e, por esse motivo, o PAS tem de mandar muitos pacientes para outros hospitais, como os da rede estadual", afirmou Elias.
A PPC de cada módulo do PAS varia de 40% a 50% do número total de habitantes dos bairros que compõem os módulos. O restante é formado por pessoas que têm planos de saúde privados ou planos governamentais fechados.
Para cada habitante da PPC, a prefeitura paga R$ 10,96 por mês às cooperativas. No entanto, como a estrutura só permite atender um terço dessa população, o custo real de cada usuário atendido pelo PAS seria de aproximadamente R$ 33.
"Isso torna o plano mais caro do que muitos convênios privados", afirmou Elias. Os dois módulos onde o déficit de leitos hospitalares é mais crítico, segundo a pesquisa, são os de Santo Amaro e Brasilândia/Cachoeirinha.
No módulo de Brasilândia/Cachoeirinha, a PPC é de 305.870 habitantes e, portanto, pelo parâmetro da OMS, deveriam existir 1.223 leitos. No entanto, no módulo não existe hospital. O déficit é de 100%.
Em Santo Amaro, de acordo com a pesquisa, existem 50 leitos, mas deveriam existir 1.828, considerando uma PPC de 457.045 habitantes. O déficit é de 97%.
Em relação aos atendimentos ambulatoriais, o maior déficit levantado pela pesquisa foi o do módulo da Mooca/Vila Matilde, onde a média mensal de atendimentos, entre janeiro e setembro de 96, foi de 20.220. Como a PPC do módulo é de 352 mil habitantes, a média mensal recomendada pela OMS é de 73.333 atendimentos.

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