São Paulo, sexta-feira, 5 de dezembro de 1997
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Ajuste e poupança fazem FIF perder R$ 11 bi

GABRIEL J. DE CARVALHO
DA REDAÇÃO

Os FIFs (Fundos de Investimento Financeiro) de 30 e de 60 dias perderam quase R$ 11 bilhões em novembro, mas a causa não foi apenas a concorrência da poupança. Na avaliação do mercado, o ajuste do valor das cotas de muitos FIFs assustou o investidor.
Dados do Banco Central mostram que, nos FIFs de 60 dias, os saques superaram os depósitos em R$ 10,29 bilhões. Nos de 30 dias a perda foi de R$ 692 milhões, somando R$ 10,98 bilhões.
Na poupança, a captação -positiva- alcançou R$ 4,27 bilhões, superando, por pequena margem, o recorde de R$ 4,19 bilhões em dezembro de 96, quando o redutor da TR caiu para apenas 0,85%.
A maior entrada de recursos em novembro ocorreu nos CDBs prefixados: mais R$ 6,33 bilhões.
O ajuste do valor das cotas entre outubro e novembro, embora correto tecnicamente, assustou muita gente porque renda fixa, para a maioria, tem rendimento positivo sempre. Acontece que os fundos tinham em carteira papéis com juros prefixados no patamar de 1,6% ao mês e vencimentos variados.
Como a "velocidade" dos juros saltou abruptamente para cerca de 3% ao mês e o valor de resgate do papel no vencimento futuro não se altera, foi necessário ajustar a cota.
Mas o episódio deixou marcas, reconhecem administradores de FIFs. A reclamação de muitos deles é que fundos vendidos como DI (juro interbancário), e que estariam imunes a saltos nos juros, não têm suas carteiras administradas dessa forma. Tanto assim que rebaixaram o valor da cota.
Antonio Francisco, do Departamento de Normas do BC, afirma que a proteção (hedge) em DI pode não ser total, de 100%. Pode ser de 60% ou 70%, por exemplo. Assim, poderiam sentir algum efeito.
Mas, se o termo DI é incorporado ao nome do FIF, acrescenta ele, "parcela preponderante" da carteira deve ser administrada dessa forma. O BC acaba de baixar normas para aumentar a transparência dos fundos, lembra.
Os bancos que operam fundos estão preocupados porque, nem bem passou o trauma do ajuste aos juros mais altos, algo semelhante poderá ocorrer na transição da alíquota do IR de 15% para 20%.

Texto Anterior: Anbid pede que o IR continue no resgate
Próximo Texto: Alimentos levam inflação em São Paulo a subir para 0,53%
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.