São Paulo, sexta-feira, 5 de dezembro de 1997
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Lulu Santos traz 'semi-rave' a São Paulo

PEDRO ALEXANDRE SANCHES
DA REPORTAGEM LOCAL

"Não estou querendo me montar, dizer que meu espetáculo é uma rave", afirma Lulu Santos, 44. Mas essa é a novidade do show único que ele faz hoje em São Paulo. Após sua apresentação, o Galpão da Fábrica se transforma em palco de uma festa com quatro DJs, drum'n'bass, jungle, trip hop e outros "ritmos do momento".
"Estamos meio que apresentando esse lugar como espaço de shows", diz Lulu. "O show de lançamento do CD 'Liga Lá' seria só em março, mas achei estúpido esperar até lá. É uma produção grande, mas de muito som e muita luz. Não tem nada figurativo."
É a primeira vez que o artista expõe a São Paulo o investimento em ritmos tecno de ponta, característica principal de "Liga Lá" (afora apresentação rápida na MTV).
Ele explica como se transpõe a parafernália sonora de disco para show: "Transpõe transpondo. Não há mistério, o mistério é só aparente. 'Ando Meio Desligado' é baseada no set-up da Bjõrk, um playbackinho elegante. Tocamos extremamente bem acústico, elétrico e sequenciado".
Para preservar o espírito dançante, deixa de fora do show clássicos de MPB que acaba de regravar, como "Chico Brito" e "Dê um Rolê". A versão tecno de "Fé Cega, Faca Amolada", porém, está lá -"é a surpresa do show".
Essa última perde a orquestra conduzida pelo maestro Rogério Duprat. "Já que não dá para fazer a orquestra, coloco só um acordeão. Mas a orquestra aparece em fita digital, no começo do show."
A dúvida do repertório novo é "Kryptonita". "Essa eu tiro e boto, conforme possa ou não dar uma alugadinha no público." A "alugadinha" é compensada com farto painel de obra. Lulu promete 21 sucessos lançados em 15 anos.
Ele não abre se faz ou não releituras tecno dos hits. "Estou menos mico de realejo, menos oferecido, talvez mais íntegro." Mas dá uma pista: "'Condição' foi refeita sobre uma base do Kraftwerk".
Lulu defende sua presente inclinação a jungle e drum'n'bass. "São fenômenos de emergência de contingentes de base. É igual à cena funk carioca, guardadas as diferenças. O que é interessante e chique é o preto pobre."
Ele emenda: "A apropriação do David Bowie é assassina. Ele desentende, usa como acessório. O drum'n'bass quer ter cheiro de jazz do futuro, quer eliminar a guitarra elétrica".
Tenta provar ao vivo, hoje, a diferença entre as versões 97 de David Bowie e Lulu Santos.

Show: Liga Lá
Artista: Lulu Santos
Onde: Galpão da Fábrica (R. Tagipuru, 1.008, Barra Funda, tel. 011/262-0552)
Quando: hoje, às 21h
Quanto: R$ 20

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