São Paulo, sexta-feira, 5 de dezembro de 1997 |
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"Um Canto de Esperança" é "Furyo" de saias
LEON CAKOFF
O que sobra de uma batalha naval nos mares de Cingapura -mulheres e crianças brancas, fugindo das colônias britânicas e holandesas- vai parar num campo de concentração japonês. O filme sai de relatos de sobreviventes e das partituras originais de um episódio real. As mulheres desafiam a truculência de quartel em pé de guerra formando um coral. Querem cantar para afogar as mágoas. A maioria delas ainda inconformada por haver perdido a sua própria ordem e disciplina imperiais na colônia abandonada a toque de caixa. E, como se sabe, os dois lados adoram a hora do chá. A guerra surda agora é mais cultural. Perde-se a porcelana, mas o seu ritual parece mantido nas aparências. Perde-se a orquestra e seus instrumentos preciosos, mas fica a voz para reproduzir o que for preciso em acordes sofisticados. A resistência cultural de "Furyo" tinha David Bowie. Ele tem agora a sua versão feminina em Glenn Close. Comparações à parte, deve-se ver "Um Canto de Esperança" como uma das raras produções dignas do momento que vem com todos os elementos de Hollywood sem se dobrar à imbecilidade dominante da sua chamada indústria de entretenimentos. Filme: Um Canto de Esperança Produção: Austrália, 1997 Direção: Bruce Beresford Com: Glenn Close, Pauline Collins, Cate Blanchett e Frances McDormand Quando: a partir de hoje, no Belas Artes, sala Villa-Lobos Texto Anterior: 'Terapia...' discute tabus e enfrenta censura Próximo Texto: 'O Cineasta da Selva' revela Amazônia oculta Índice |
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