São Paulo, sexta-feira, 5 de dezembro de 1997
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SBT avança no Ibope com mulheres e dinheiro

LUÍS PEREZ
DA REDAÇÃO

Brincadeiras do programa "Bozo", sensualidade de "Cocktail" -só que sem os seios de fora- e muita bagunça no cenário-ilha que reúne 70 garotas de 14 a 22 anos, mais as quatro apresentadoras, em um clima tropical.
Assim é o programa "Fantasia", que estreou segunda no SBT e superou as expectativas -na terça, com 16 pontos no Ibope, encostou na Globo, que tinha 17. Cada ponto no Ibope equivale a 80 mil telespectadores na Grande São Paulo.
"Fizemos uma festa na terça. Também, a um programa que reúne dinheiro, mulheres e ligações gratuitas, quem resiste?", pergunta o diretor Paulo Santoro, 44.
No terceiro dia, porém, a audiência caiu para 9 pontos. Motivo: devido a uma pane na Telesp, o SBT teve de deixar de receber para fazer ligações a telespectadores.
"Moramos em um país que não tem estrutura", reclama o diretor. "Talvez troquemos para um disque 900, pago, mas com resposta de prêmios. Estamos tentando solucionar o problema."
A disputa é tanta que até João Paulo, filho da apresentadora do programa Débora Rodrigues -a sem-terra que ficou famosa por posar nua para a "Playboy"- já "está com o dedo roxo" de ligar.
"Ele não é bobo", diz ela, se referindo às garotas do programa -a maioria modelos de agências-, que leva ao ar, além de brincadeiras como as dos anos 80, época do palhaço Bozo, perguntas do tipo: "O que têm em comum Xuxa e Adriane Galisteu?" (duas "ex" de Senna). Até quarta, ninguém havia acertado.
Nesses casos, os prêmios (de R$ 100 a R$ 500) se acumulam. "Temos de imaginar coisas que não façam as pessoas pensarem muito", diz Santoro. Para ele, é "terrível" dirigir 70 garotas. "Dizer que é uma maravilha não é verdade. Harém só dá certo em filme."
Outra que fala da bagunça das garotas é a camareira Agnes Sato, 51 anos, sete de SBT. "Cuido de todas. Algumas largam tudo pelo caminho, ainda precisam da mãe."
As meninas -50 contratadas e 20 figurantes- ganham R$ 618 por mês e são de várias cidades do Brasil, muitas do interior de São Paulo, como Taubaté, São José dos Campos e São Vicente.
Algumas apresentam jogos. Mas a maioria dos quadros é protagonizada pelas apresentadoras -além de Débora, há Adriana Colin, Valéria Balbi e Jackeline Petrovic, a mais nova, com 17 anos.
O diretor do programa também é contrário à apelação. "A gente não quer forçar a barra. Tanto é que temos quadro com crianças."
Um dos problemas do programa, dirigido principalmente ao público adolescente, é a grande quantidade de erros de português no karaokê (vinhetas em que aparecem as garotas cantando).
Na última quarta, o programa foi ao ar com a letra das músicas grafando "estrela" com acento circunflexo no segundo "e", "vazio" com "s", "lambuzar" como "enlanbusar", além da frase "daria o mundo à você" (o certo é "a você", sem sinal indicador de crase).
"Isso chega pronto de uma empresa coreana. Já vimos o problema. Vamos trocar imediatamente", diz o diretor Paulo Santoro.

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